terça-feira, 26 de outubro de 2010

Santiago (segunda parte)


A origem de Santiago remonta a blablabla, pois é. Aos romanos. [E o Caminho de Santiago passa pela região de Castilla e León, o mais antigo registro de presença humana da  Europa, datada de mais de 1 milhão de anos] Mas o mais interessante de Santiago não é isso. É a origem do nome. É San-Tiago (São Tiago) porque há quem diga que foram encontrados restos do apóstolo Tiago lá. E o Compostela vem de Campus Stellae, "campo de estrelas". E as peregrinações... lá vem a parte quase-chata. As peregrinações começaram a acontecer porque o rei Afonso II das Astúrias, vendo seu poder em decadência, precisava de algo pra se restabelecer. Com a notícia de terem sido achados os restos do apóstolo, o rei Afonso II anunciou Santiago como um novo local de peregrinação cristã, tendo em vista que àquela época Jerusalém tava nas mãos dos muçulmanos. Espertinho.




(Esse já é considerado o maior ano santo da história moderna das peregrinações a Santiago. Ano santo é considerado quando o dia de Santiago, dia 25 de julho, cai num domingo. Dizem que as 'recompensas' espirituais são maiores nesses anos. O próximo ano santo agora sóó daqui a 11 anos! Nesse ano, tem dias em que mais de mil peregrinos chegam a pé a cidade, ó)

Depois, fomos passear por Santiago. Conhecemos o Museu das Peregrinações, super interessante. Não se baseia só nos peregrinos de Santiago (ainda que descreva em pormenores não só como se deu a construção da Catedral de Santiago, como também inúmeras histórias de peregrinos que já foram lá), mas de inúmeros outros locais de peregrinação, aqui na Europa, na Ásia, na África, no Brasil, nos cinco continentes.  Não só as peregrinações católicas, mas de todas as religiões. Valeu à pena.

(Foi lançado um documentário intitulado "Um Caminho de Santiago", co-produzido pela Asociación Cultural Jacobea Paso a Paso, associação essa que foi apadrinhada por Paulo Coelho. O documentário acabou de ser premiada como uma das maiores obras já feitas sobre Santiago)

De lá, fomos nos encontrar com o pessoal para um jantar dos Erasmus. Do jantar, fomos a um barzinho, desse barzinho fomos pra outro [!]

[Santiago é uma coisa inacreditável. Em termos de frio, eu digo. Não existe. É incomparável. Parece que se compara com Braga, daqui a um, dois meses. Mas eu não quero saber disso agora. É incomparável, ponto final. De madrugada, pra dormir, eu tinha esquecido de levar o pijama (é claro que eu tinha de ter esquecido alguma coisa...) daí coloquei a meia calça, um casaco e pronto. Tava cansada, tão cansada que foi só deitar, puf, rapidinho peguei no sono. Isso era 5 da manhã. Quando deu umas 8 hrs, uma das meninas se acordou, procurando o celular, e eu me acordei também. Pra voltar a dormir, eu pensei que ia pegar o caminho direto pro inferno. Mentirinha. Pra um inferno com a temperatura inversa. Eu tremia, tremia, tremia. Sabia que não tava mais sentindo minhas pernas - mas não sabia se era pelo cansaço ou pelo frio. Resolvi resolver isso depois. Consegui dormir novamente]

No outro dia, assim que acordamos, já era hora de voltar. De volta pra Braga.  Dessa vez, paramos em Vigo, uma cidadezinha portuária - é o principal porto pesqueiro da Espanha. Pra surpresa de todos, a origem de Vigo não remonta aos romanos. Há achados da Idade da Pedra. Rá! Almoçamos no shopping, demos uma passeada pela cidade. Não deu para conhecer muita coisa, a cidade tava deserta, parada, vazia.
Hora de voltar pra Braga. Hora de voltar, mesmo. E esperar pela próxima viagem (Roma, 31/10).


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

parênteses.

(as vezes não tem jeito: a única solução é abrir o berreiro no meio da rua, no meio do nada.
e rezar baixinho pedindo pra ninguém parar e perguntar o que foi... só pra não ter que soltar um simples e singelo "eu quero minha mãeeeeee!!!")

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Santiago (primeira parte)


A mochila pronta, uma e meia da madrugada. O despertador programado pra tocar às 5, eu querendo saber se faltava alguma coisa, se de novo tava esquecendo algo. Roupa, escova de dente, casaco. Ok. Hora de dormir. Meia hora depois, o despertador toca. Hora de se levantar, comer alguma coisa, pé na estrada. E uma certeza: por mais que eu tente, não tem jeito, eu tenho que me atrasar. Faltava colocar a água na garrafa, faltava pegar o óculos de sol, ajeitar o cabelo. O telefone toca uma, duas vezes. Eu tenho que descer. Rápido. A gente vai se atrasar. Fui.

No caminho pra universidade (essa excursão foi organizada pela universidade pros Erasmus!) (e a universidade fica a meia hr da residência!) (e era seeeeeeis horas da manhã! mentira - 6:30) de repente e não muito mais do que muito de repente, todos os postes se apagaram. Breu total. Eu, claro, me agarrei em Ingrid e não tinha quem fizesse eu soltar.  Mas chegamos vivas na universidade. vivas e em cima da hora. Mal entramos no ônibus, não se passaram nem cinco minutos, foi dada a largada. Rumo a Santiago.

Primeira parada: Valença. Assim, com cedilha e sem o i. Diferente de Valência, na Espanha. Tem uma Valença até na Bahia, ó, no Brasil. Nome doce. A história de ValenÇA (eu não tou errando a digitação, Camilinha, que nem devo ter errado quando escrevi hoSTel) remonta, pelo menos, a origem romana. Há sinais rupestres de tempos muito mais longínquos - ao século VI a.C, quando ocupada pelas mais variadas descendências: indoeuropéias, mediterrâneas, africanas. Depois dos romanos, vieram as invasões árabes... e numa dessas invasões, um parênteses: uma delas, a que teve as piores consequências pra região do Minho (onde eu me encontro), ocorreu no ano de 997 pelo Amansor Emir Bem Abi Amir, no seu caminho pra Santiago de Compostela. Na verdade, o caminho pra Santiago teve uma importância enorme pra freguesia(=cidade). As peregrinações pra SAntiago vindas de Braga, Porto, Barcelos ou Ponte de Lima tinham como passagem obrigatória o cais de Valença. Daí seu povoamento mais intenso, a altura da Idade Média. Depois vieram também os ataques espanhóis e um rei, o Sancho I, foi quem construiu os primeiros muros na cidade, pra sua defesa desses possíveis ataques. Foram essas as muralhas que visitamos. A vista lá de cima é linda, dá mesmo a impressão de estarmos longe de tudo, longe do mundo. Há mil séculos. 
 
De lá, seguimos pra Pontevedra. A origem dessa cidade cabe, novamente, aos romanos. Mas há uma lenda que afirma ter sido Teucro, um dos heróis da Guerra de Tróia (mãe, lembrei de vc!), o responsável pela sua fundação. Apesar de considerado herói, quando voltou a sua casa seu pai lhe deserdou por não ter vingado a morte de seu irmão. Viajando, em busca de um novo lar, acabou por achar as terras de Pontevedra, onde se estabeleceu e colocou-lhe o nome de Helenes, em homenagem a sua esposa, Helena. Não sei se é verdade, mas vai.. essa história é bem mais bonitinha que a dos romanos, com guerras, blablabla. Melhor acreditar nela.
Lá, conhecemos o básico: praças, igrejas, o comércio. Almoçamos (Burger King), nos enfiamos pelas ruazinhas estreitas, fizemos novos amiguinhos (olha a foto! hahahah), hora de voltar.
 
 
 
Rumo à SantIago. Até agora, ainda tou tentando descobrir, de fato, quanto tempo é daqui pra lá. Como fomos parando ao longo do caminho, a viagem não ficou cansativa. Somos peregrinos traiçoeiros. Além disso, tinha os brasileiros, no fundo do ônibus, alegrando a viagem. Não tem ninguém que se compare aos brasileiros mesmo, isso é um fato. Quando eles deram uma paradinha no auê, que o ônibus ficou mais silencioso... logo, logo o guia perguntou o que tinha acontecido. "Cadê os brasileiros, gente?!" Se bem que eu realmente acredito que depois ele se arrependeu amargamente de ter perguntado isso. Até na volta, com todo mundo super hiper mega cansado, eles não conseguiam se calar. Todas aquelas musiquinhas maravilhosas foram cantadas. Mamonas Assassinas, É o Tchan, blablabla, blablabla.

Chegamos. Passamos direto pro hostel. Quinze minutinhos pra todo mundo ficar pronto e se encontrar na entrada, pra podermos ir à Catedral. Se vira nos 30. Nos viramos. Chegamos a Catedral. Linda. Linda de morrer. Muito linda. Enorme. Assistimos a uma missa. Sempre que eu entro numa igreja, tenho uma tendenciazinha de leve a me emocionar. E foi o bispo que celebrou a missa. E a missa foi linda. Linda. Eu nunca fui fã de missas. Mas essa foi linda. Mesmo em espanhol. Foi linda. A metade que eu escutei. Porque na outra metade eu tava conversando com papai do céu. Agradecer faz parte.
 
(continua...)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Tan-tan-ram-tan-taaaaaam Welcome!!"

Chegamos ao aeroporto. Sem maiores problemas dessa vez. Na verdade, na verdade... o problema foi dormir. Chegamos lá por volta das 23 hrs, nosso vôo só sairia às seis da manhã. Colocamos o despertador para tocar às 5, cada uma foi pra sua cadeirinha, vamos dormir! Meia noite... e nada. Meia noite e meia, vi mais coleguinhas chegando. Uma da manhã, o aeroporto já tinha se transformado num verdadeiro hostel. Cada um que arrumasse sua caminha - tinha até quem colocasse lençol no chão e um travesseirinho pra acomodar a cabeça! - e fosse dormir, à espera do vôo. 2 horas, nada. Fui passear. Conheci metade do aeroporto e voltei pra onde nós estávamos. O medo de se perder era grande (esse era o aeroporto complexo, lembra?). Planejei minha vida durante os próximos meses. Pensei nos locais que ainda queria conhecer. Planejei minha vida pra quando eu voltasse a João Pessoa. Em resumo, até 2012 minha vida tá super planejada. E em detalhes.

Cinco da manhã, nos levantamos, fomos pegar o vôo. De Porto pra Madrid não tinham pesado nossa bagagem (a Ryanair estabelece um limite de 10 kg e dimensão 55 cm x 40 cm x 20 cm) mas nesse resolveram pesar. Resultado: no meio do aeroporto, comecei a tirar os casacos de dentro da mochila até que ela ficasse da dimensão correta. Na verdade, só tirei dois casacos e um cachecol e os vesti. Já soube de gente que saiu com a toalha enrolada no pescoço, pra poder diminuir a bagagem, então tá... Nem foi tão constrangedor assim.

Pegamos o vôo, e AÍ SIM eu consegui dormir! Só que o vôo não dura nem uma hora. De repente... "Tan-tan-ram-tan-taaaaaam Welcome!!" Pra quem nunca pegou um avião da Ryanair, essa é a musiquinha que toca quando se chega ao destino. Super engraçada, diga-se de passagem. Estávamos em Valência. 

Fomos direto para o hostel (o Indigo Youth Hostel - eu também recomendo! pagamos 15 euros por noite e não tivemos reclamação alguma) e resolvemos nos deitar um pouco, para depois irmos conhecer a cidade. Uma hora depois, nos arrumamos, ficamos lindas, maravilhosas e suuuuper dispostas (cof, cof, cof) e fomos desbravar Valência. 

Na rua do nosso Hostel, havia a Torre de Quartz. Elas faziam parte de uma muralha construída para defender a cidade, láá pela época de 1400 e tanto. No muro dessas torres há uma homenagem aos heróis que defenderam a cidade das invasões sofridas na época da independência. Ficamos procurando as outras torres, cadê a muralha, a muralha mesmo? Mas não encontramos.

Assim como em Madrid, conhecemos também algumas praças, igrejas, um museu (o Museo de Bellas Artes, que é instalado no local onde outrora foi o colégio Santo Pio V,  e hoje em dia abriga inúmeras obras fazendo alusão à religiosidade... lindas!) e ainda tivemos a sorte de assistir a um desfile que estava acontecendo no centro da cidade, em comemoração ao dia da Comunidade Valenciana (veja mais aqui).

A praça que mais me chamou a atenção foi a Plaza de la Virgen, com sua imensa catedral ao redor. Não pudemos entrar, porque estava a ter (ráá, peguei o sotaque português! - brincadeirinha: estava tendo...) uma missa na hora. Mas por fora era é linda e, assim como todas as igrejas que temos visitado, só em estar ali por perto já dá pra sentir uma paz imensa!

Voltamos cedo para casa, as duas tavam quase mortas de cansadas. Hibernei, das 7 da noite às 8 da manhã do outro dia. Acordei no meio da madrugada, lembrando que comer era preciso. Peguei qualquer coisa numa daquelas maquininhas eletrônicas no hall do hostel, respondi o email de mamãe e voltei a dormir. Quando acordei novamente, já era hora de se arrumar e ir para o congresso. O VI Congresso Mundial Espírita. Eu fui!

No Congresso, havia inúmeros brasileiros. Apesar de estarmos na Espanha, o que mais se escutava era o bom e velho português. E melhor ainda do que escutar as pessoas falando em português: era o português do Brasil! Isso é música para os nossos ouvidos. O congresso foi aberto com chave de ouro com uma palestra de ninguém menos que Divaldo Franco. "Somos espíritos imortais". Somos sim, Divaldo. E na próxima encarnação eu quero vim à mesma época que você, que é pra você poder me ensinar tanto, novamente...

Foi lindo, ótimo, emocionante e super instrutivo. A maioria dos os palestrantes lembravam-se de citar Chico Xavier, alguns deles nos deram provas arrebatadoras da reencarnação, uns outros se fixaram em suas próprias experiências, arrancando-nos lágrimas. No segundo dia, fui entrevistada pela Rádio Rio de Janeiro AM e perguntaram-me o quê, até ali, tinha sido melhor. Não dá para dizer. Foi o conjunto. Foi o estar ali, escutando a palestra de Divaldo; foi o estar ali, ouvindo a música tocar, o piano e o violoncelo, na abertura; foi a sensação de ver tanta gente comprando tanto livro, tanta gente querendo aprender, querendo mudar. Mudar pra melhor. Ser melhor.

Devido à minha participação no Congresso, não tive tempo de conhecer melhor a cidade. Não fui à Cidade das Artes e das Ciências. Não entrei na Catedral, não conheci os Jardins. Mas valeu a pena. Digo e repito: foi maravilhoso.

Na segunda à noite, nos encontramos no Bairro Del Carmen, um bairro que tem próximo ao nosso Hostel e onde acontece a noite de Valência. Apesar de ser segunda-feira, como a terça era feriado, as ruas estavam cheias de gente. Comemos alguma coisa, demos uma voltinha, fomos no hostel pegar as bagagens, voltamos ao aeroporto.

O avião só sairia de lá às seis da manhã, portanto tentamos dormir novamente. E, dessa vez, logramos mais sucesso. Acho que tudo é questão de costume... Se brincar, daqui pra março, vai ser só ver um aeroporto e eu já vou começar a dormir (que nem aí, mãe... quando eu vejo uma cama!). Acordamos, pegamos o avião até Madrid. Passamos a terça-feira inteeeeira no aeroporto. Das 9 da manhã às 6 da noite. Tá bem, da próxima vez acho que não vou ter mais problemas com a complexidade daquele aeroporto.

Chegamos em Braga, finalmente, às 10 horas da noite da terça-feira. Foi esse o fim da nossa primeira aventura (viagem).

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Madrid e Valência

[Mainha e painho, se vocês realmente me amam, vão dar uma prova desse amor agora e não vão ler o próximo parágrafo, começando a ler só a partir do segundo!]

Pela primeira vez na vida, passei duas madrugadas seguidas praticamente sem pregar o olho e passei umas 24 hrs sem comer que preste... mas isso tudo valeu à pena. A noite em Madrid da quinta pra sexta-feira foi ótima, o Congresso Mundial Espírita foi maravilhoso. Foi assim, oh:

Na quinta-feira pela manhã, saímos pra resolver as últimas pendências pra viagem. Na volta, pagamos todo os meses do alojamento (ai, meu coração!) e fomos almoçar. Já era quase uma hora da tarde, estávamos atrasadíssimas! O vôo saia às 3:45 de Porto, tínhamos ainda que pegar um táxi até a estação de comboio, depois pegar o comboio até a estação de metro, pegar o metro até o aeroporto e, enfim, fazer o check-in!! Mas graças a Deus, deu tudo certo. O aeroporto de Porto tem umas escadas que definitivamente não são abençoadas e a gente, tão apressada que estávamos, subimos todas elas, sem perceber que tinha um elevador logo ali ao lado. Foi aí que eu comecei a fazer todo o exercício que eu não havia feito ano passado - porque os desse ano que eu não tinha feito eu já fiz todos nas caminhadas da universidade pra residência!

Chegamos em Madrid! Aí que vem a primeira pérola da viagem: passamos aproximadamente 40 minutos para podermos nos situar no aeroporto. Ninguém nos avisou isso, mas a regra básica pra quando se deseja viajar pra Madrid é essa: arrumar um mapa do aeroporto. É enorme! E super complicado. Além do mais eu, super orientada, não me dei conta que estávamos na Espanha. Na hora, no ato, e sem burocracia alguma, perguntei a primeira pessoa que passou, em português, onde era a saída. Depois que ela não me entendeu e que começou a falar em espanhol, a ficha caiu. Nham. Depois de irmos de um lado pro outro aproximadamente três vezes (foi uma verdadeira palhaçada), encontramos a estação de metro. Pegamos o metro e fomos em direção ao nosso Hostel. Logo que chegamos, a primeira coisa que vimos foi um Burger King, ali, na nossa frente, e ainda mais com uma promoção de um sanduíche + um refrigerante por dois euros! Com a fome que já estávamos, isso foi como encontrar água no deserto. [Mãe, pula de novo]
Inclusive essa foi a nossa refeição mais frequente enquanto estávamos lá. Acho que preciso passar uns 3 anos sem entrar no Burger King
[Pronto, mãe]
O Hostel foi fácil de achar. E ele era ótimo! Limpinho, agradável, pessoas super legais. Eu realmente indico - coloca no google, oh: Pousada de Las Huertas

Prontas pra noite em Madrid!

Logo que chegamos, descobrimos que o hostel tem uma espécie de programação para cada noite. Nas noites das quintas, há sangria (uma bebida típica da Espanha - horrível, diga-se de passagem) de graça para todos até certo horário e, depois disso, há o que eles chamam de "Pub Crawl". Paga-se dez euros e eles nos levam à 3 barzinhos, onde temos direito a algumas bebidas, e, por fim, a uma discoteca. Foi ótimo! Conhecemos alemães, ingleses, israelenses, canadenses. No início meu inglês ficou fazendo charminho pra sair, eu querendo lembrar das palavras.. mas a medida que a conversa foi se prolongando, a comunicação se estabeleceu! Conhecemos pessoas ótimas, conhecemos pessoas engraçadas (are you from brazill? bra-ziiiiiiiil?? ooooh) - a noite foi maravilhosa. 

Voltamos pra casa às 4 e tanta da manhã. Tínhamos somente a sexta pra conhecer MAdrid, já que no sábado iríamos pra Valência. O jeito era acordar cedo, não tinha o que se discutir. Acordamos, saímos em busca de comida, alimentadas, seguimos em frente. Mas não sei se pelo nosso sono, se pela minha mania de sempre esquecer algo e de ter esquecido o casaco e assim nós termos que ir em busca de comprar um logo pela manhã (quando chegamos, tava fazendo calor em Madrid, mas no sábado amanheceu bem friozinho já e nos disseram que no domingo e na segunda também, só fazia esfriar), o fato é que só conseguimos nos orientar depois do almoço. A manhã foi praticamente perdida. Quando chegamos na Gran Via (mais um Burger King...), vimos mais e mais prédios com arquiteturas belíssimas. É o que chama a atenção em Madrid. Há inúmeros prédios super antigos, lindos de morrer. Um deles era uma associação de jornalistas. Era lindo, imenso. Fiquei super orgulhosa quando vi! Por dois minutos. Logo que nos aproximamos, notei que hoje em dia funciona de um tudo no prédio: cinema, exposições, lojas. Seguimos em frente.

A Gran Via
Em Madrid, o ruim é que tínhamos pouquíssimo tempo para conhecermos tudo. Mesmo assim, visitamos várias praças, um museu, inúmeras igrejas, o palácio. Entre as praças, a que mais me chamou a atenção foi a Plaza Mayor, no centro da cidade. Não pela história dela, mas por algo super interessante que vimos ali: ao redor da praça havia inúmeros artistas, pintando ao ar livre. E a grande maioria pintava muito bem! Havia também aqueles que ficam pintados de estátua, se fazendo de estátua. Um que tava fantasiado de executivo gigante, sem cabeça, fazendo macaquice. Dava pra passar horas ali.

Na Plaza Mayor

Mas tivemos que ir logo. O tempo era pouquíssimo e havia muita coisa pra ver ainda. Antes disso, já tínhamos visto algumas igrejas, a Praça de Cibelles (lembrei de você, Cy!), o museo de Reina Sofia, onde tá exposto Guernica, de Picasso, e outras várias obras suas e de Salvador Dali. Preferi as de Salvador Dali. 

Dispensa legendas hahahah
Fomos ao Palácio, mas não conseguimos entrar. Tava tendo uma celebração da Música Militar, com várias apresentações. Não sei se somos nós que estamos tendo sorte e pegando esses eventos, ou se é porque a vida cultural por aqui não pára nunca. Não vimos o rei. Fiquei arrasada. Seguimos em frente.

Vimos também uma catedral, linda! A Catedral de La Almudena. Por dentro e por fora, é linda. Na frente tem uma estátua de João Paulo II, e daí mesmo a gente já começa a se sentir em paz. Dentro havia alguns trechos de Mariana de Jesus, considerada santa pelos católicos. Ela se entregou a vida religiosa desde os seus 13 anos, deu inúmeras contribuições pra que a fé católica continuasse se difundindo àquela época (leiam mais aqui), e, na parede do mosteiro, havia esses belíssimos dizeres:

Madre Mariana de Jesus Torres

Catedral de La Almudena


Mesmo cansadas, papai do céu estava conosco e tava sendo uma maravilha conhecer tanta coisa. Demos uma paradinha numa praça, deitamos um pouquinho na grama, tiramos um cochilo [não, mãe, não é a hora de me matar ainda... tinha um monte de gente fazendo isso por lá também!] e continuamos o caminho de volta. Em uma das praças por que passamos, tava tendo uma apresentação de um grupo musical mexicano. Paramos pra comer alguma coisa, e fomos direto para o Hostel. Tínhamos que pegar nossas coisas, torcer pra que deixássem que nós tomássemos um banho (afinal a diária já tinha acabado desde as 11 hrs da manhã! - mas deixaram!), e ir novamente para o complexo aeroporto de Madrid, esperar o vôo para Valência que sairia às seis da manhã.

(continua...)

domingo, 10 de outubro de 2010

"Oraçao da Gratidao


Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.

Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.


Muito obrigado Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Eu detecto cegos guiando na escuridão
que tropeçam na multidão
que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração
porque eu seique depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!


Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do olmeiro
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir
Porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!


Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz
Pela voz que canta
Que ama, que ensina, que alfabetiza,
Que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!


Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!


Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!


Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um tecto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, eu te direi

Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti


Pelo teu amor, obrigado senhor!"
 
(Psicografia de Divaldo Pereira Franco)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Enquanto houver vida... vai haver saudade.

"já que eu não posso te ver,
fiz essa canção pra você
pois sei que estaremos juntos no acorde final.."


Dizem que viajar é bom, melhor ainda é voltar pra casa. Imagino que quem disse isso pela primeira vez tinha acabado de voltar de uma viagem bem, bem longa e que tinha deixado e levado muita saudade no dia em que partiu. 
Eu não tenho vontade de voltar pra casa. Nenhumazinha. Fui viver meu sonho. volto já. Dia 7 de março, pra ser mais exata, eu volto. Eu tenho sentido sim uma saudadezinha de vez em quando. Assim... quase sempre. Minuto sim, minuto não. Tem coisa aqui que eu olho e lembro de uma pessoa, aí dois minutos depois vejo outra coisa, lembro de outra. Hoje quando vi o cachorrinho, lembrei de Camilinha; quando vi o restinho do meu salgadinho no prato, lembrei de Lirou dizendo que eu tava deixando pro santo; vi o café, lembrei de Miraz. Dá um apertinho no coração, uma vontade de entrar num super jato e ir lá, só pra dar um abracinho bem forte, um cheirinho-de-a-le-crim!
Só se passaram duas semanas. Nos primeiros dias Ingrid tava fazendo as contas.. primeiro contou os dias, depois contou as semanas. Hoje, acho que ela já perdeu as contas. Eu também perdi. Porque pensar nisso dá uma dorzinha no coração. Saudade mata a gente. No início é tanta coisa nova e minha atenção é presa tão facilmente que eu esqueci de tudo. Se tivesse passado uma semana inteira sem falar com ninguém daí, acho que iria continuar sorrindo, saltitando. Mas aí a gente lembra de quem a gente ama. Mamãe. Tanta saudade, tanta. 
Sinto saudade de cada coisinha pequena, de cada detalhezinho. De quando dá 11 horas da noite ver o celular tocando, alguém do outro lado da linha perguntando se eu não lembro que tenho casa. Eu tenho, mãe. E não é aqui. Já, já eu volto pra ela. Saudade de alguém dizendo com uma carinha de sono, às 4 da tarde, que tá carente e que precisa de carinho. Saudade de ser acordada com o som nas alturas, de propósito, saudade de ter alguém fazendo cosquinha, com toda energia, no domingo de manhãzinha e eu dizer toda séria, "Pára, mãe!", só pra vê se ela pára. Saudade de ser trocada pela cachorrinha, saudade de reclamar que fui trocada pela cachorrinha, que eu não tenho mais mãe, que eu deixei de ser a caçula. Saudade de escutar que já repetiu mil vezes que a pasta de dente tem que ser tampada e que não entende qual é o problema que eu tenho em não tampar, parece até que eu não tenho mão. De sempre arrumar uma dorzinha aqui ou ali pra poder não dirigir, de ficar reclamando que eu faço questão de passar por cima de todos os buracos (sempre foram eles que apareceram na minha frente). Saudadezinha, mãe. Saudadezinha.

Mas eu Tou aqui, hoje, exatamente onde deveria estar, quando deveria estar.
Eu encontrei um anjinho, semana passada, que mora aqui por perto. Uma senhora, no Centro Espírita aqui pertinho, disse que já tinha estudado na Uminho, já tinha morado em Sta Tecla, que qualquer coisa era só ligar, mandar um email, a qualquer hora, qualquer hora ela me atenderia. Um anjinho.
Tem um centro Espírita aqui pertinho, a dois minutos da residência. Tem papai do céu, aqui do meu lado, cuidando de mim. 
Tem gente lá, do outro lado do oceano, me esperando.
E é isso que, no dia em que a gente acorda desanimada, com tanta tanta saudade, dá coragem de seguir em frente. Dá vontade de viver o sonho. Porque quando esse acabar, tem outro pra recomeçar.
Porque viajar é bom,
...!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleições brasileiras


Hoje o professor perguntou nos perguntou em quem nós, brasileiros, iríamos votar pra deputado federal. "Não vão votar em Tiririca? hahahah"
Essa semana, na hora do almoço, enquanto tava esperando o prato ficar pronto, dei uma olhadinha na TV e tava passando o jornal. De repente, vi a chamada do Brasil. Como manchete, "Candidatos a deputados federais têm campanhas bizarras". No vídeo apareciam campanhas políticas de alguns candidatos a deputados federais... Tiririca, Mulher Pera, Mulher Melancia. No final, o apresentador do jornal ainda fez qualquer comentariozinho engraçado (eu ainda não consigo td que os portugueses falam - tem uns que pelamordedeus! parece que vão pegar o trem pra tirar a mae do tronco e ainda tão com uma batata enfiada na boca) e deu várias risadinhas... e eu nao o condeno. Essas campanhas são mesmo ridículas, o que pode ser entendido, por alguns, como engraçadas. Pra nós, que somos brasileiros, é motivo de vergonha. Pra nós, brasileiros que estão em outro país e vemos nosso Brasil sendo ridicularizado assim, na cara de pau, é motivo de vergonha dupla.
Eu nunca fui muito ligada em política, isso é verdade. Não gosto, nao tenho nada contra quem gosta mas nao espere que eu me interesse muito pelo assunto. Mas tem certas coisas que não dão pra passar despercebidas. E por mais que você que tá lendo também nao goste, eu acho que o mínimo que poderíamos fazer era tentar ao máximo nos informar sobre os candidatos às eleições. E pensar no bem da maioria. Da maioria, viu? Tem gente na minha família mesmo que até hoje vota em  Fulano de Tal porque há uns 100 anos atrás ele lhe fez um favor. Primeiro que muito mais válido é conseguir algo por esforço próprio, ainda que aos trancos e barrancos, que através dos favores de seu Ciclano ou seu Beltrano. Segundo que - tá certo, tá certo, eu sei que a vida não é fácil, que eu ainda sou tão novinha e não entendo as necessidades da vida - mesmo se alguém tiver sido alvo de um favor desse tipo, não é por isso que deve passar o resto da vida votando em seu ninguém. Na verdade, na verdade, não precisa votar nenhuma vezinha se quer. Geralmente esses ditos "favores" não são nada além do que o Estado tem a obrigaçao de prover a  todos os cidadãos. Se as coisas não andam bem, onde é que tá o problema? Quem é que toma as decisões? Quem é que vai decidir, nos próximos quatro anos, se essa ou aquela lei vai ser aprovavada, se o salário mínimo vai diminuir ou aumentar, quem é que vai controlar a inflação, quem é que vai decidir nossa vida por a gente?
Em terceiro lugar, o voto é secreto.
O Brasil é muito bem conceituado em vários países por conta das nossas famosas urnas eletrônicas, que fazem com que os resultados das eleições sejam divulgados em tempos recordes. Seria uma boa nós deixarmos de ser conhecidos pelas nossas desagradáveis propagandas eleitorais e pelos nossos escândalos políticos também, não seria?
Eu não vou poder votar. Tinha que ter feito um cadastro até o mês de maio, pra poder ter direito ao voto em trânsito. Em maio eu nao sabia nem que estaria  viajando essa época. Eu não entendo de política. Talvez, se eu fosse votar, mesmo que eu tentasse me informar ao máximo, acabasse elegendo alguém que fizesse um trabalho péssimo. Eu sei, eu sei... é preciso mais do que acompanhar o horario eleitoral gratuito pra gente poder exercer mesmo nossa cidadania. É, talvez eu errasse. Mas eu iria tentar votar conscientemente.
É uma boa idéia todo mundo tentar votar assim também, né? Nossa parte a gente tenta fazer. A deles, dos políticos... a gente acompanha nos próximos quatro anos - e torce pra que os canais de televisão portuguesas esqueçam desse nosso "pequeno" "deslize".