sábado, 27 de novembro de 2010

Porto - 06 e 07 de novembro

Dia de ir encontrar papai.

No dia anterior, o céu tinha resolvido desabar sobre Braga. Não sei eu já contei por aqui, mas muitas vezes se faz alusão a Braga como sendo o "pinico de Portugal"... e é verdade. Chove, chove, chove. Depois chove mais um pouquinho. E eu devia parar de reclamar, porque nesse exato momento não tá chovendo. Parei, São Pedro. Parei.

Pra acordar, um sufoco. Se o dia não tivesse tão frio, se minha cama não tivesse tão acolhedora, se eu não tivesse ido dormir não tarde... Mas tá, vamos lá. Hoje é dia de ir ver papai. Um pedacinho do Brasil. Primeiro pegamos o autocarro até a estação de comboio, depois pegamos o comboio até Porto. Chegando em Porto, resolvemos que iríamos andando até o Hotel em que papai tava, afinal era tão pertinho... Pertinho, vírgula. Eram só três estações de metro, mas não contávamos com a presença das ladeiras de Porto. Tem muita, muita, muita ladeira. Uma quantidade inacreditável de ladeiras. Portugal é uma academia à céu aberto.

Quando chegamos ao Hotel, papai já tinha saído pra tomar café, já tava voltando. Entramos no hotel, o que iríamos fazer? Conhecer o quê? Não tinha dado tempo, no dia anterior, de fazer o procedimento habitual anterior às viagens: pesquisar o que se deve visitar, como chegar, quais são as dicas (uma boa pedida é o site mochileiros.com). Depois de um tempinho de briga com o mapa (a gente nunca vai se dar bem, eu já devia ter me conformado), me dei por vencida. Pai, eu TENHO que comer. (Quem me conhece, sabe. Tem hora que ou eu como ou eu... como. Sem chance de discussão) Foi a nossa vez (eu e Ingrid) de sair pra comer. Fomos a uma pastelariazinha que tinha bem próxima ao hotel, uma perdição. Aqui em Portugal é cheia delas, uma em cada esquina. Um problema pra quem não quer engordar, claro. Besteira. Quando chegar no Brasil, perde. Papai disse, eu concordei: Quem colocasse uma pastelaria dessas no Brasil ia se dar bem. São muitos, muitos, muitos doces. Muitos doces gostosos, muitos doces bonitos.


Rafinha 0 x 2 O mapa

Papai, que havia ficado no hotel procurando descobrir pra onde iria depois de Porto, foi nos encontrar para que de lá já fôssemos desbravar a Cidade Invicta. Saímos sem rumo, sem lenços nem documentos (brincadeira, pai, prometo que agora só vou andar com meu passaporte). No meio do caminho, encontramos um posto turístico onde pegamos um mapa com os principais ponto a serem vistos: ali estava nossa rota.

O que tem em Braga? Igreja! O que tem em Porto? Igreja! Aliás, o que é mesmo que tem em Portugal? Igreja e mais e mais e muito mais igreja! Começamos pela Igreja e Torre dos Clérigos que à época da sua construção (no século 18) foi o mais alto edifício de Portugal. Ela é bonita, alta, e segundo informações colhidas depois, para se chegar ao topo da torre tem-se que subir 240 degraus. Deus é pai e a igreja tava fechada. Não me levem a mal, mas é que eu ainda tou com um certo receio depois das escadas do Vaticano. E papai tava tão disposto que eu não tenho muita certeza se ele não iria querer subir a torre, caso fosse possível. As igrejas de Portugal abençoam nossas vontades. E os anjos dizem amém.




Chegamos a uma pracinha, em frente ao Tribunal...outono! Naquele dia, ainda se viam as árvores cheias de folhas, todas caindo. Tá bom, tá bom... hoje em dia ainda se vê, aqui em Braga, um monte de folhas, todas caindo. Mas é que já tem umas árvores que tão bem peladinhas. Eu sempre sonhei em presenciar bem as quatro estações... ver as flores, as folhas, sentir o sol e o frio. Hoje, pensando bem, eu dispensaria a parte do frio. Eu sei, eu sei, tou resmungando. Desculpa. Parei.



Visto alguns pontos, fomos à Ribeira. Que é um local lindo, lindo, lindo. Patrimônio Mundial de UNESCO, fica à margem do Rio Douro, cheio de barzinhos, muita gente, super animado. Caminhamos mais um pouquinho, chegamos então a uma das pontes que ligam Porto e a Vila Nova de Gaia. Mas não a atravessamos...ainda. Papai tava todo orgulhoso, se sentindo super disposto porque no dia anterior tinha andado 4 hrs direto, sem parar, e não tinha sentido nada.. (mas que coisa boa!) .. então fomos andar mais um pouquinho. Consegue subir essas escadas, pai? Consigo! Então bora...


terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 5ª e última parte)

Terminado o almoço, seguimos, finalmente, para o Vaticano. Para chegarmos lá, tivemos que atravessar uma ponte, a Ponte de Santo Ângelo que nos levou a um castelo de mesmo nome: o Castelo de Santo Angelo. Mas aqui o que importa não é o castelo e sim o que se vê, quando na ponte. Não me refiro somente à vista - mesmo que ela também seja linda - do rio Tíber. É que não poderia ser diferente: o caminho para o Vaticano é, mesmo, sagrado. Ao longo do percurso, damos de cara com alguns anjos, cada um levando levando um elemento da Via Sacra de Jesus. "Belíssimos!"






Quando chegamos ao Vaticano, mais chuva. Chuva, chuva, chuva. Outra vez, vieram os guias, perguntando se nós aceitávamos o pacote. Não aceitem. É uma cilada, Bino! Se bem que dessa vez, talvez devessemos mesmo ter aceitado. Não pelo preço - que, repito, nao vale a pena - mas porque aí teríamos entrado nos lugares na ordem correta. É que com a chuva, nos apressamos para entrar logo no primeiro lugar que encontrássemos... e esse lugar foi a Basílica de São Pedro. Linda, linda, linda. Bela. Com um pouquinho de ouro demais, novamente, mas tudo bem. Linda.



Foi aí que subimos uma quantidade sutil de 521 degraus para ver a vista da cúpula da basílica. Quem for subir e achar que não vai acabar nunca, tenha fé - um dia acaba. A escada muda sua estrutura diversas vezes ao longo do caminho e aproximadamente a partir da metade ela fica tão estreita, mas tão estreita, que só passa uma pessoa por vez. Mas aqui vai uma palavra de otimismo: vale à pena. E sim! Pagamos 5€ para ir até à Cúpula. E outra cilada: há um elevador para fazer esse trajeto, mas ele não chega nem na metade dos degraus. Pára no 200 e pouquinho, eu acho... alguma coisa assim.





Quando descemos, ficamos um pouquinho mais na Basílica e então, quando pensamos em continuar nosso trajeto pelo Vaticano, descobrimos que tudo já estava fechando. Droga! Mas olhemos pelo lado bom: arrumamos uma desculpa para um dia voltarmos a Roma (eu preciso dizer que isso já tava nos meus planos desde a hora em que eu pisei lá?).




Além dessa famosa cúpula, é na Basílica também que se encontra a famosa Pietá, de Michelangelo.

À saída da Basílica, encontra-se uma lojinha, com um ponto dos Correios, cheio de cartões postais. Mandei um cartão postal pra mamãe, fomos embora.

Tínhamos até o finalzinho da noite livres, já que nosso trem só sairia já quase de madrugada de volta para Bolonha. Foi aí entao que fomos andar - quase que - sem destino. Sem pressa, pelo menos. Vimos o Tribunal, uma feira de souvenirs cheia de livros, guias turísticos, réplicas de obras, etc etc etc. Atravessamos a ponte de volta, hora de jantar.  Por acaso - bem, mas bem por acaso - tomamos um sorvete na sorveteria Giolliti, uma das mais famosas de Roma. Estávamos andando, sem preocupaçao alguma, quando vimos uma sorveteria aberta e decidimos tomar sorvete. Tomamos, gostamos tanto, mas tanto, que quase repetíamos.
Quase mesmo. Só quando chegamos em Braga que descobrimos que a sorveteria é tao famosa quanto ela é. Sorte.

Eu já disse que a cada passo que se dá em Roma, descobre-se algo lindo, maravilhoso e interessante, não disse? Pois bem. Nosso interesse era chegar à Fontana de Trevi, um dos principais pontos turísticos. Só que no caminho, acabamos por ter nossa atenção presa por diversas outras coisas. Inclusive por um homem - ou uma mulher - que tava ali, sentado (a) na calçada, pintando um quadro com grafite. O que ele pintava? O coliseu, ora de manhã, ora no espaço, ora ao anoitecer. Era tao lindo que meio mundo de gente se juntou ao seu redor e a cada quadro finalizado, uma pessoa se dispunha a comprar. Se ele tivesse feito um leilão ali, tinha se dado bem. Super bem. Certeza.

Chegamos à Fontana de Trevi. É uma das mais belas coisas que eu já vi e, com certeza, a mais bela fonte. Há uma lenda que diz que, quando uma moeda é jogada de costas para a fonte, um retorno a Roma é assegurado. Claro que eu joguei. (Mais lendas da Fontana di Trevi aqui )



Da Fontana, fomos de volta ao hostel, para pegarmos as coisas e finalmente irmos a estação. No caminho, demos uma passadinha na Piazza di Spagna, onde acontecem os famosos desfiles. Uma dica: nao dê informações erradas aos turistas. Não foi por querer mas...
A gente tinha se perdido, eles também. A gente com um mapa na mão, eles não perceberam. Eles, então:
- "vocês sabem onde fica tal ponto?"
(Isso, em inglês.)
- "Hm.. não... você sabe onde fica tal ponto?"
- "Sei sim.. é pra lá! Muito obrigado!

Droga. Eu não tava dizendo que o ponto que eles tavam procurando ficava perto do ponto que eu disse. EU que tava querendo chegar nesse local. Quando chegamos lá, demos de cara com eles. Eu me fingi de cega, claro. Nunca vi, não lembro de nada. Só lembro de Roma... de tudo que é lindo, de tudo em Roma.
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OBS: geladeira, aqui, tornou-se um eletrodoméstico desnecessário. é só colocar do lado da janela, 10 minutos e pronto: geladinho, geladinho.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 4ª parte)

Fomos em direção ao "Del Vittoriano". Nem esperávamos encontrá-lo pelo caminho, Júlio César. Não disse? É assim mesmo em Roma... de vez em quando a gente esbarra em umas figuras engraçadas... Olha a pose dele na estátua. Caso ele soubesse que tem alguém se ousando a tirar esse tipo de brincadeirinha com ele, aposto que se levantaria do túmulo. A sorte já foi lançada, César. Deixa agora que digam o que quiserem. E, no fundo, se eu não sou sua fã, ao menos de sua(s) história(s) eu sou.

O Complexo Del Vittoriano também é conhecido como "Altar da Pátria". Esse monumento é recente, se considerarmos que estamos em Roma. Século XX. Ele é lin.. vocês sabem. Arquitetonicamente, é lindo. Mas destoa completamente do restante da cidade, ao menos do restante que a gente tinha acabado de conhecer. Mas pra tudo tem lugar em Roma. Pra tudo e pra todo mundo, até pro desconhecido. Perto da sua entrada, no lado de fora, há o "túmulo do Soldado Desconhecido", com uma chama eterna, construído após a I Guerra Mundial. Tá vendo? Roma é perfeita. 



"Se vocês quiserem continuar, tudo bem, mas eu cheguei no meu limite, juro que tenho que voltar pro Hostel", Ingrid solta. Deus é pai. Eu não iria ter coragem de pedir pra parar, Roma é tão l..! Mas se eu andasse mais uma hora, cairia dura no chão, certeza. Fomos pro hostel. Tomamos banho, e lá vem a parte irônica, trágica, ou engraçada da viagem. Nossas botas tinham encharcado, era preciso secá-las.  Não tínhamos levado nenhum tênis (e aqui fica a dica: pode tá o frio que for, mas caso tenham que escolher somente um sapato pra levar, escolham um tênis, não uma bota - experiência própria), nenhuma havaiana, nada. Ou secávamos ou... secávamos. Sabe aqueles secadores de cabelo que têm nos banheiros femininos? Isso mesmo... Sentamos no chão, e dá-lhe secador dentro da bota. Constrangedor.

Dessa vez, pegamos um quarto misto. E não tivemos problema nenhum, pelo contrário: só havia um homem no nosso quarto e brasileiro. Já viajou pra muitos e muitos e muitos (que inveja que inveja que inveja) lugares e nos deu várias dicas. Natal e Ano Novo, por exemplo, o melhor que se pode fazer é se juntar a vários brasileiros e comemorar. Veremos.

Saímos para jantar. Tínhamos duas exigências: um local que fosse perto e que vendesse comida. Só. Paramos em um restaurantezinho próximo ao hostel, comemos um espaguete... gostoso, mas não tão gostoso quanto os que comemos depois. A coca, 3 euros. A massa, 9 euros. Devíamos ter procurado mais, fato.



Voltamos para o hostel, mandei email pra mamãe, vimos os horários do trem que iríamos pegar de volta para Bolonha, hora de dormir. Quase enlouqueci quando percebi que não tava conseguindo dormir. QUASE. Bem quase mesmo. Depois de uma hora rolando na cama, consegui.

Na terça, acordamos cedinho para podermos sair cedinho e conseguir conhecer tudo que não tínhamos conhecido no dia anterior... mais o Vaticano. Primeira parada: Basílica de Santa Maria Maggiore, de novo, pra terminarmos de comprar as lembrancinhas. Não me importei de ter que vê-la novamente... ela é linda! E por uma grande ironia do destino, a terça tinha amanhecido ensolarada. No dia em que iríamos visitar apenas os locais cobertos e fechados, faz sol. Engraçado...


Pelas ruas de Roma

De lá, fomos em direção ao Pantheon, que já ficava no caminho do Vaticano. Dessa vez minha imaginação errou feio. O Pantheon é um templo que foi erguido em homenagem a todos os deuses, de forma que conseguisse abarcar todos os povos que estavam sob a dominação do Império Romano. Sabe o que eu imaginava? Inúmeras estátuas de deuses, inúmeras homenagens. Só que no século VII ela foi entregue a Igreja Católica e hoje funciona como um templo religioso. Além do mais, a frente do edifício estava em reforma. Não gostei.



(obs: O Pantheon foi, durante séculos, reconhecido por ter a maior cúpula da Europa Ocidental. Além disso, seu formato arredondado é mais uma evidência de que foi erguido em homenagem a todos os deuses)

Dali, o caminho para o Vaticano deixou de ser o caminho para o Vaticano. Roma é assim: a cada passo que você dá, tem algo pra se ver. Encontramos a Piazza Navona, uma praça que hoje em dia é conhecida principalmente pela Fonte dos Quatro Rios, que ali se encontra. A fonte representa os quatro principais continentes do mundo cortados pelos seus principais rios. Nota: o rio Nilo é representado com uma venda nos olhos, porque à época ainda não se sabia onde era sua nascente. O mais interessante nessa praça, no entanto, não é a fonte: é que lá existem inúmeros artistas, pintando ao ar livre e vendendo suas obras ali mesmo. Caricaturas, paisagens, obras impressionistas, tudo, tudo.



(obs: É também na Praça Navona que se encontra a Embaixada Brasileira hahah)

Era 11 e um pouquinho ainda, mas decidimos almoçar logo e só entao irmos para o Vaticano. Um restaurante ali por perto da Praça Navona tinha chamado nossa atenção. Lasanha mais refrigerante: 11,5€.

domingo, 14 de novembro de 2010

"Aqui está-se sossegado
Longe do mundo e da vida.."

(Fernando Pessoa, poeta português)

sábado, 13 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 3ª parte)

Era tanta coisa pra se ver - e ao mesmo tempo nada, só ruínas -  que ficamos perdidas. Fomos em frente, encontramos uma fila enorme. A chuva, cada vez mais forte. Eu tinha deixado meu guarda-chuva no hostel, tava dividindo com Ingrid o dela. Perguntei ao rapaz quanto era, 2,50€. Caro. No China, aqui em Braga, é mais barato. Quero não, obrigada.

Tá ficando tarde e a gente ainda tem muita coisa pra ver, melhor fazer assim: uma fica na fila, enquanto as outras duas vão tentar descobrir pra que é essa fila. Tá certo, eu fico na fila, sou a mais desorientada mesmo, melhor eu ficar quietinha, na minha. E tou com fome, aproveito pra pegar um dos sanduíches que a gente tinha levado, comi.

As meninas voltaram, sem muitas novidades. Aquela fila era pra entrar nos Fóruns Romanos, tem um homem ali, um guia, que tá oferecendo um pacote por 25 euros. O coliseu, os Fóruns Romanos, o Capitólio... ele de guia, em inglês. Será que vale à pena? Deve valer, dizem que é tudo tão caro. Pergunta ao homem que tá aí atrás, ele é americano, olha a bandeira no boné dele.. dos Estados Unidos. Tenta. "Hi, do you know how much is it?" Nada feito. Ele não sabe. Mas ele é simpático. Oferece biscoito a ele.

Chegamos ao caixa, 12 euros. 12 euros pra entrar no Coliseu, nos Fóruns Romanos e no Palatino. Ótimo. Imagine se a gente tivesse caído na conversa do guia? Ainda bem que não.

A chuva tinha piorado. Piorado bastante. Muito, muito mesmo. Assim... dá pra dizer que o céu tava desabando. Besteira, bora. Só que não tem condições da gente ficar dividindo o guarda-chuva mais, pera. Deixa eu comprar um pra mim. Eu sei que em Braga guarda-chuva não dura muito mesmo, jaja acontece alguma coisa com o que eu tenho lá, aí eu deixo um de reserva, por enquanto. Moço, quanto tá? 5 euros? Mas lá fora tava 2,50! Não, 4 não, muito caro ainda. 3? Tá bom, 3,5. Droga.

Caminhamos, caminhamos, caminhamos. Só ruína. Não tou dizendo que era ruína, do jeito ruim. Vocês já assistiram "Comer, rezar e amar"? Eu assisti ontem, aqui. Ela, Liz (Julia Roberts), resolve fazer uma viagem, de um ano, pra se encontrar, encontrar Deus. Primeira parada, Itália. Lembro de uma parte em que, ao visitar algumas ruínas, ela se dá conta de como as ruínas são, na verdade, cheias de significados. Que são as ruínas que fazem o novo surgir, que depois dos maiores atuais pontos turísticos  de Roma terem se transformado em ruínas, no centro da cidade, foi que toda uma nova vida foi surgindo ao seu redor. E até mesmo as próprias ruínas vão se modificando, se transformando em algo novo.



Tá bom, voltando a viagem. Ruínas, ruínas, ruínas. Ruínas lindas, até. Se é lindo agora, imagina quando tudo era bem ajeitadinho... Ai, devia ser um sonho. O Fórum Romano ficava entre o Palatino e o Capitólio e era uma espécie de ágora grega. Lembra da ágora grega? Onde os cidadãos se encontravam, onde se realizavam as feiras, blablabla. Também no Fórum Romano se realizavam cerimônias religiosas. Imagina um casamento, ali. Antigamente, tou dizendo. Não nas ruínas, claro. Se bem que se fosse num dia de sol...





Já era três horas da tarde, quase quatro. Tá bom, é melhor a gente ir embora. Tem muita coisa ainda pra conhecer. Bora pra onde? Pro Coliseu. Bora. Como a entrada que nós havíamos comprado dava direito a entrar nos três (Coliseu, Palatino e Coliseu), não precisamos enfrentar outra fila. Chegamos, entramos.

O Coliseu é, como eu disse, fruto da minha imaginação. Aliás... vocês entenderam. É lindo. E eu não tou sendo redundante, dizendo sempre que tudo é lindo em Roma. Tou sendo realista. É lindo. Lá, encontramos uma brasileira. Ela tava tirando foto dela mesma, eu sei como isso é horrível. Meu braço é pequeno demais, sempre que eu tento fazer isso, na foto fica parecendo que eu tava tentando mostrar os detalhes dos meus cílios, uma tristeza. Perguntei se ela queria que eu tirasse uma foto... em inglês, claro. Na dúvida, você usa inglês que sempre dá certo. Ela respondeu em inglês, eu tirei a foto, tudo certo. Daí eu, Ingrid e Aline começamos a conversar... e ela de repente se aproximou novamente e perguntou se nós éramos brasileiras. Ela também é, tava estudando em Veneza, ai que bom, como é bom quando a gente encontra algum brasileiro! É, eu tenho que concordar, é ótimo.



Saímos do Coliseu, encontramos uns meninos... divertidos. Eles nos abordaram, "Where are you from?" "Brazil!" "Ohh, Brazil! Rio de Janeiro!" "Sao Paulo!" "Amazonas, Mácapa!!" (isso, com a sílaba tônica no Má!) "Ohhhh, Brazil!!" Blablabla. Eles praticamente descreveram o mapa do Brasil pra gente, depois saíram. Não deu pra aguentar. "Máácapaaa" De vez em quando a gente encontra cada criatura engraçada...


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 2ª parte)

O trem era estranho, bem estranho. Todo escuro, apertado, cheio de gente igualmente estranha. Sabe as fotos do orkut, eu sentadinha numa poltrona fofinha, tudo bem iluminado? Aquele foi o comboio que nós pegamos na volta, Roma-Bolonha. Imaginem o inverso daquilo, 3 lugares de frente pro outro, dentro de um espaço fechado por uma portinha. E quando eu tava quase dormindo, a polícia abriu a porta, com uma daquelas lanterninhas desagradáveis, luz na minha cara. Viu se tava tudo bem. Eu, criminosa. Mas nao tenho do que reclamar. Mal fechei o olho, peguei no sono. E só acordei quando tava chegando lá, bem pertinho.

Chegamos em Roma era de manhazinha, seis horas.  O hostel no qual nós ficamos, o Alessandro Downtown, fica super pertinho da estaçao de metro (tivemos de pegar um metro até a estação Termini)! Eu indico o hostel, por sinal. Foi 15 euros a diária, o quarto era limpinho, tinha café da manhã e de segunda a sexta, quando não feriado, eles oferecem um festival de massas, às 19 da noite.

Tomamos café, tomamos banho, e fomos pro primeiro dia em Roma. Primeiro ponto: Basílica de Santa Maria Maggiore. Essa basílica, assim como qualquer pedaço de papel, de pedra ou de tijolo para o qual nós olhemos em roma, remete a histórias dos tempos mais longínquos possíveis e a mil e um segredos! Segundo uma lenda, ela foi construída no século V, depois da Virgem ter aparecido ao Papa Libério lhe instruindo a construir uma igreja no monte Esquilino. Também segundo a lenda, a planta da igreja foi desenhada por uma nevada milagrosa.



A igreja é linda, sinceramente. Mas eu fiquei emburrada, de cara. Acho que foi o sono. Mas é que olha: tem muito, muito ouro lá. Muito, de uma forma inacreditável. Ouro lá, parado. Formando desenhos magníficos, uma arquitetura belíssima, é verdade. Todo dia vao centenas de pessoas la visitar, todo mundo quer ver o que é belo. Mas mais belo seria reverter todo esse dinheiro em obras sociais. Mais belo seria se não tivesse à porta da igreja uma senhora pedindo esmola. Com tanto ouro lá dentro.



Mas passou. Era sono. De lá, fomos na direção dos pontos turísticos. Rafinha briga com o guarda-chuva, uma a zero pra ele. Avistamos o Coliseu. Lindo. E quem não lembra das aulas de história, quem não lembra da história do Coliseu? Essa, por sinal, foi a viagem em que eu mais lembrei dos meus professores de história. Vanuza, primeiro ano. E as histórias dos leões, das feras, das batalhas navais. Pão e Circo. Eu sempre imaginei o Coliseu, imaginei as pessoas gritando, coisa de filme. Lá, a imaginação da gente flui, explode, grita. Mas não foi nessa hora que eu entrei lá. Isso foi pra mais tarde.



Vimos o Coliseu, tinhamos chegado no lugar certo. Em frente, havia alguns homens fantasiados de romanos, nos aproximamos. Querem tirar foto? Claro que queremos! Gente, isso é roubada. Cinco euros. Óbvio que não pagamos. Apagamos as fotos, fomos embora.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Andiemo!" (Bolonha e Roma - 1ª parte)

O clima aqui em Braga tem se aproximado do inaceitável. É que assim... eu jurava que nao tinha como piorar. Que não tinha mesmo. Que não tinha como fazer mais frio do que já tava fazendo. Tou me referindo a 15 graus. Coisa de paraibano, que ta acostumado com o sol torrando o juízo. Eu jurava. Aí veio Sao Pedro e mandou uma chuvinha, pra provar que eu tava errada. Hoje coloquei dois gadgets na área de trabalho: um com a temperatura de Joao Pessoa, o outro com a temperatura de Braga. O primeiro, marcando 31 graus; o segundo, 11.

Semana passada, no domingo, 31 de outubro, já tinham começado as chuvas aqui em Braga. No sábado chuveu o dia inteiro, sem parar. Era hora de fugir da chuva.

[Braga é conhecida como o "pinico do céu", a cidade em que mais chove em Portugal]

Pasmem, eu também estudo. Por isso que demorei a falar sobre a viagem de Roma. Semana de provas, ó. E um trilhao de trabalhos. No sábado à noite, tava fazendo um trabalho no laboratorio de informatica e tive que ir na lavanderia, que fica no outro bloco. No caminho, começou a trovoar. E a relampejar. Só pra preservar minha dignidade, não vou dar detalhes da minha reação. Mas foi a certeza: era hora MESMO de fugir da chuva de Braga.

Saímos de casa de manhãzinha, tínhamos que pegar o comboio pra Porto (2,20€) e lá pegar o trem que nos levaria a Bolonha. Infelizmente, nao há nenhum vôo (ainda) Porto-Roma (mas a partir de janeiro a Ryanair vai oferecer). Decidimos entao que iríamos para Bolonha e de lá pegaríamos o trem para Roma, de madrugada... pra não gastar com hostel. A passagem ida e volta Porto-Bolonha ficou por 50€.


Só de tardezinha que chegamos em Bolonha. De lá, pegamos o "aerobus", um ônibus que vai do aeroporto à estação de comboio, no centro da cidade. Chegamos na estação, nos situamos: quando desse 11 hrs, deveríamos voltar pra comprarmos nossas passagens e embarcarmos, rumo à Roma.

Eu diria que Bolonha é uma cidade agradável, bonita, etc e tal. Isso caso eu não tivesse ido, em seguida, pra Roma. Qualquer um daqueles ditados se encaixam. Todos os caminhos levam a Roma. Quem tem boca vai à Roma.  E eu queria passar uma eternidade lá, conhecendo. Mentira. Queria ir, voltar, estudar, conhecer mais da história, voltar novamente, estudar mais, conhecer: Roma passa a impressão de que sempre tem algo a mais pra se conhecer, que nenhum tempo é suficiente pra desvendar todos os seus mistérios, pra conhecer cada um de seus segredos, pra deixar a imaginação fluir e sonhar com tudo que já aconteceu ali, naquelas ruínas, naqueles fóruns. Roma é mesmo a cidade Eterna. E me conquistou, de cara.

Mas voltemos a Bolonha.

Saímos da estação e a primeira coisa com a qual nos deparamos foi com uma feira de livros. Aliás, no próprio aeroporto havia uma livraria, com livros em liquidação. 6, 7 euros. E uma coisa que acho que ainda não comentei é que na maioria das livrarias por aqui, tem pelo menos um livro de Paulo Coelho. As Valkirias, Veronika decide morrer, O alquimista. Mas também, infelizmente, na maioria das livrarias também é o único autor brasileiro que aparece.


Começamos a visitar os pontos turísticos que, em Bolonha, todos se circunscrevem a um mesmo local. Não tínhamos nos programado pra isso, porque na verdade achávamos que mal iríamos chegar em Bolonha e pegaríamos o trem direto pra Roma. Mudamos de planos pouquíssimo tempo antes, quando percebemos que o comboio que saia de madrugada era muito mais barato que os que saiam durante o dia (uma diferença de mais de 30 euros! o que nós acabamos pegando saiu por 23€). Dessa vez, conhecemos a cidade aleatoriamente. Um mapa, um guia turístico, e nós três. Três porque dessa vez tivemos mais uma companheira! Aline, do Piauí, que assim como Ingrid, veio pra UMinho cursar um período de Direito.


Na praça, havia uma exposição intitulada "Salve os animais da Ásia" e inúmeras homenagens feitas aos "heróis de guerra". Sejam os heróis da Grande Guerra, sejam os resistentes a ditadura. Inclusive, na semana passada percebi que aqui em braga também há uma estátua, lá no centro, em homenagem aos heróis da Grande Guerra.


 
Foi a noite das presepadas. Em qualquer estátua, tirávamos fotos; imitávamos os modelos das vitrines, mostrávamos toda nossa elegância com nossas botas (quase) iguais. Pegamos o caminho errado, chegamos no meio do nada, demos meia volta e consertamos o erro. Era noite de Halloween, então o que mais  tinha no meio da rua era gente fantaseada, seja de vampiro, de fantasma ou seja lá o que for. O fato é que as fantasias deles eram super incrementadas, super divertidas!





 
Nos divertimos bastante, rimos, comemos... e voltamos pra estação, pra esperar o comboio que nos levaria a Roma. Fugimos da chuva, mas não do frio. Nos sentamos no chão da estação, pra que desse a hora, e quase congelamos. Ninguém pode dormir, se não a gente perde o comboio. Hora de fazer palavra cruzada. Hora de comer. Hora de tirar foto de Rafinha, quase dormindo. Hora de não conseguir ser discreta. Hora de ir embora. Roma nos espera.