sábado, 27 de novembro de 2010

Porto - 06 e 07 de novembro

Dia de ir encontrar papai.

No dia anterior, o céu tinha resolvido desabar sobre Braga. Não sei eu já contei por aqui, mas muitas vezes se faz alusão a Braga como sendo o "pinico de Portugal"... e é verdade. Chove, chove, chove. Depois chove mais um pouquinho. E eu devia parar de reclamar, porque nesse exato momento não tá chovendo. Parei, São Pedro. Parei.

Pra acordar, um sufoco. Se o dia não tivesse tão frio, se minha cama não tivesse tão acolhedora, se eu não tivesse ido dormir não tarde... Mas tá, vamos lá. Hoje é dia de ir ver papai. Um pedacinho do Brasil. Primeiro pegamos o autocarro até a estação de comboio, depois pegamos o comboio até Porto. Chegando em Porto, resolvemos que iríamos andando até o Hotel em que papai tava, afinal era tão pertinho... Pertinho, vírgula. Eram só três estações de metro, mas não contávamos com a presença das ladeiras de Porto. Tem muita, muita, muita ladeira. Uma quantidade inacreditável de ladeiras. Portugal é uma academia à céu aberto.

Quando chegamos ao Hotel, papai já tinha saído pra tomar café, já tava voltando. Entramos no hotel, o que iríamos fazer? Conhecer o quê? Não tinha dado tempo, no dia anterior, de fazer o procedimento habitual anterior às viagens: pesquisar o que se deve visitar, como chegar, quais são as dicas (uma boa pedida é o site mochileiros.com). Depois de um tempinho de briga com o mapa (a gente nunca vai se dar bem, eu já devia ter me conformado), me dei por vencida. Pai, eu TENHO que comer. (Quem me conhece, sabe. Tem hora que ou eu como ou eu... como. Sem chance de discussão) Foi a nossa vez (eu e Ingrid) de sair pra comer. Fomos a uma pastelariazinha que tinha bem próxima ao hotel, uma perdição. Aqui em Portugal é cheia delas, uma em cada esquina. Um problema pra quem não quer engordar, claro. Besteira. Quando chegar no Brasil, perde. Papai disse, eu concordei: Quem colocasse uma pastelaria dessas no Brasil ia se dar bem. São muitos, muitos, muitos doces. Muitos doces gostosos, muitos doces bonitos.


Rafinha 0 x 2 O mapa

Papai, que havia ficado no hotel procurando descobrir pra onde iria depois de Porto, foi nos encontrar para que de lá já fôssemos desbravar a Cidade Invicta. Saímos sem rumo, sem lenços nem documentos (brincadeira, pai, prometo que agora só vou andar com meu passaporte). No meio do caminho, encontramos um posto turístico onde pegamos um mapa com os principais ponto a serem vistos: ali estava nossa rota.

O que tem em Braga? Igreja! O que tem em Porto? Igreja! Aliás, o que é mesmo que tem em Portugal? Igreja e mais e mais e muito mais igreja! Começamos pela Igreja e Torre dos Clérigos que à época da sua construção (no século 18) foi o mais alto edifício de Portugal. Ela é bonita, alta, e segundo informações colhidas depois, para se chegar ao topo da torre tem-se que subir 240 degraus. Deus é pai e a igreja tava fechada. Não me levem a mal, mas é que eu ainda tou com um certo receio depois das escadas do Vaticano. E papai tava tão disposto que eu não tenho muita certeza se ele não iria querer subir a torre, caso fosse possível. As igrejas de Portugal abençoam nossas vontades. E os anjos dizem amém.




Chegamos a uma pracinha, em frente ao Tribunal...outono! Naquele dia, ainda se viam as árvores cheias de folhas, todas caindo. Tá bom, tá bom... hoje em dia ainda se vê, aqui em Braga, um monte de folhas, todas caindo. Mas é que já tem umas árvores que tão bem peladinhas. Eu sempre sonhei em presenciar bem as quatro estações... ver as flores, as folhas, sentir o sol e o frio. Hoje, pensando bem, eu dispensaria a parte do frio. Eu sei, eu sei, tou resmungando. Desculpa. Parei.



Visto alguns pontos, fomos à Ribeira. Que é um local lindo, lindo, lindo. Patrimônio Mundial de UNESCO, fica à margem do Rio Douro, cheio de barzinhos, muita gente, super animado. Caminhamos mais um pouquinho, chegamos então a uma das pontes que ligam Porto e a Vila Nova de Gaia. Mas não a atravessamos...ainda. Papai tava todo orgulhoso, se sentindo super disposto porque no dia anterior tinha andado 4 hrs direto, sem parar, e não tinha sentido nada.. (mas que coisa boa!) .. então fomos andar mais um pouquinho. Consegue subir essas escadas, pai? Consigo! Então bora...


terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 5ª e última parte)

Terminado o almoço, seguimos, finalmente, para o Vaticano. Para chegarmos lá, tivemos que atravessar uma ponte, a Ponte de Santo Ângelo que nos levou a um castelo de mesmo nome: o Castelo de Santo Angelo. Mas aqui o que importa não é o castelo e sim o que se vê, quando na ponte. Não me refiro somente à vista - mesmo que ela também seja linda - do rio Tíber. É que não poderia ser diferente: o caminho para o Vaticano é, mesmo, sagrado. Ao longo do percurso, damos de cara com alguns anjos, cada um levando levando um elemento da Via Sacra de Jesus. "Belíssimos!"






Quando chegamos ao Vaticano, mais chuva. Chuva, chuva, chuva. Outra vez, vieram os guias, perguntando se nós aceitávamos o pacote. Não aceitem. É uma cilada, Bino! Se bem que dessa vez, talvez devessemos mesmo ter aceitado. Não pelo preço - que, repito, nao vale a pena - mas porque aí teríamos entrado nos lugares na ordem correta. É que com a chuva, nos apressamos para entrar logo no primeiro lugar que encontrássemos... e esse lugar foi a Basílica de São Pedro. Linda, linda, linda. Bela. Com um pouquinho de ouro demais, novamente, mas tudo bem. Linda.



Foi aí que subimos uma quantidade sutil de 521 degraus para ver a vista da cúpula da basílica. Quem for subir e achar que não vai acabar nunca, tenha fé - um dia acaba. A escada muda sua estrutura diversas vezes ao longo do caminho e aproximadamente a partir da metade ela fica tão estreita, mas tão estreita, que só passa uma pessoa por vez. Mas aqui vai uma palavra de otimismo: vale à pena. E sim! Pagamos 5€ para ir até à Cúpula. E outra cilada: há um elevador para fazer esse trajeto, mas ele não chega nem na metade dos degraus. Pára no 200 e pouquinho, eu acho... alguma coisa assim.





Quando descemos, ficamos um pouquinho mais na Basílica e então, quando pensamos em continuar nosso trajeto pelo Vaticano, descobrimos que tudo já estava fechando. Droga! Mas olhemos pelo lado bom: arrumamos uma desculpa para um dia voltarmos a Roma (eu preciso dizer que isso já tava nos meus planos desde a hora em que eu pisei lá?).




Além dessa famosa cúpula, é na Basílica também que se encontra a famosa Pietá, de Michelangelo.

À saída da Basílica, encontra-se uma lojinha, com um ponto dos Correios, cheio de cartões postais. Mandei um cartão postal pra mamãe, fomos embora.

Tínhamos até o finalzinho da noite livres, já que nosso trem só sairia já quase de madrugada de volta para Bolonha. Foi aí entao que fomos andar - quase que - sem destino. Sem pressa, pelo menos. Vimos o Tribunal, uma feira de souvenirs cheia de livros, guias turísticos, réplicas de obras, etc etc etc. Atravessamos a ponte de volta, hora de jantar.  Por acaso - bem, mas bem por acaso - tomamos um sorvete na sorveteria Giolliti, uma das mais famosas de Roma. Estávamos andando, sem preocupaçao alguma, quando vimos uma sorveteria aberta e decidimos tomar sorvete. Tomamos, gostamos tanto, mas tanto, que quase repetíamos.
Quase mesmo. Só quando chegamos em Braga que descobrimos que a sorveteria é tao famosa quanto ela é. Sorte.

Eu já disse que a cada passo que se dá em Roma, descobre-se algo lindo, maravilhoso e interessante, não disse? Pois bem. Nosso interesse era chegar à Fontana de Trevi, um dos principais pontos turísticos. Só que no caminho, acabamos por ter nossa atenção presa por diversas outras coisas. Inclusive por um homem - ou uma mulher - que tava ali, sentado (a) na calçada, pintando um quadro com grafite. O que ele pintava? O coliseu, ora de manhã, ora no espaço, ora ao anoitecer. Era tao lindo que meio mundo de gente se juntou ao seu redor e a cada quadro finalizado, uma pessoa se dispunha a comprar. Se ele tivesse feito um leilão ali, tinha se dado bem. Super bem. Certeza.

Chegamos à Fontana de Trevi. É uma das mais belas coisas que eu já vi e, com certeza, a mais bela fonte. Há uma lenda que diz que, quando uma moeda é jogada de costas para a fonte, um retorno a Roma é assegurado. Claro que eu joguei. (Mais lendas da Fontana di Trevi aqui )



Da Fontana, fomos de volta ao hostel, para pegarmos as coisas e finalmente irmos a estação. No caminho, demos uma passadinha na Piazza di Spagna, onde acontecem os famosos desfiles. Uma dica: nao dê informações erradas aos turistas. Não foi por querer mas...
A gente tinha se perdido, eles também. A gente com um mapa na mão, eles não perceberam. Eles, então:
- "vocês sabem onde fica tal ponto?"
(Isso, em inglês.)
- "Hm.. não... você sabe onde fica tal ponto?"
- "Sei sim.. é pra lá! Muito obrigado!

Droga. Eu não tava dizendo que o ponto que eles tavam procurando ficava perto do ponto que eu disse. EU que tava querendo chegar nesse local. Quando chegamos lá, demos de cara com eles. Eu me fingi de cega, claro. Nunca vi, não lembro de nada. Só lembro de Roma... de tudo que é lindo, de tudo em Roma.
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OBS: geladeira, aqui, tornou-se um eletrodoméstico desnecessário. é só colocar do lado da janela, 10 minutos e pronto: geladinho, geladinho.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 4ª parte)

Fomos em direção ao "Del Vittoriano". Nem esperávamos encontrá-lo pelo caminho, Júlio César. Não disse? É assim mesmo em Roma... de vez em quando a gente esbarra em umas figuras engraçadas... Olha a pose dele na estátua. Caso ele soubesse que tem alguém se ousando a tirar esse tipo de brincadeirinha com ele, aposto que se levantaria do túmulo. A sorte já foi lançada, César. Deixa agora que digam o que quiserem. E, no fundo, se eu não sou sua fã, ao menos de sua(s) história(s) eu sou.

O Complexo Del Vittoriano também é conhecido como "Altar da Pátria". Esse monumento é recente, se considerarmos que estamos em Roma. Século XX. Ele é lin.. vocês sabem. Arquitetonicamente, é lindo. Mas destoa completamente do restante da cidade, ao menos do restante que a gente tinha acabado de conhecer. Mas pra tudo tem lugar em Roma. Pra tudo e pra todo mundo, até pro desconhecido. Perto da sua entrada, no lado de fora, há o "túmulo do Soldado Desconhecido", com uma chama eterna, construído após a I Guerra Mundial. Tá vendo? Roma é perfeita. 



"Se vocês quiserem continuar, tudo bem, mas eu cheguei no meu limite, juro que tenho que voltar pro Hostel", Ingrid solta. Deus é pai. Eu não iria ter coragem de pedir pra parar, Roma é tão l..! Mas se eu andasse mais uma hora, cairia dura no chão, certeza. Fomos pro hostel. Tomamos banho, e lá vem a parte irônica, trágica, ou engraçada da viagem. Nossas botas tinham encharcado, era preciso secá-las.  Não tínhamos levado nenhum tênis (e aqui fica a dica: pode tá o frio que for, mas caso tenham que escolher somente um sapato pra levar, escolham um tênis, não uma bota - experiência própria), nenhuma havaiana, nada. Ou secávamos ou... secávamos. Sabe aqueles secadores de cabelo que têm nos banheiros femininos? Isso mesmo... Sentamos no chão, e dá-lhe secador dentro da bota. Constrangedor.

Dessa vez, pegamos um quarto misto. E não tivemos problema nenhum, pelo contrário: só havia um homem no nosso quarto e brasileiro. Já viajou pra muitos e muitos e muitos (que inveja que inveja que inveja) lugares e nos deu várias dicas. Natal e Ano Novo, por exemplo, o melhor que se pode fazer é se juntar a vários brasileiros e comemorar. Veremos.

Saímos para jantar. Tínhamos duas exigências: um local que fosse perto e que vendesse comida. Só. Paramos em um restaurantezinho próximo ao hostel, comemos um espaguete... gostoso, mas não tão gostoso quanto os que comemos depois. A coca, 3 euros. A massa, 9 euros. Devíamos ter procurado mais, fato.



Voltamos para o hostel, mandei email pra mamãe, vimos os horários do trem que iríamos pegar de volta para Bolonha, hora de dormir. Quase enlouqueci quando percebi que não tava conseguindo dormir. QUASE. Bem quase mesmo. Depois de uma hora rolando na cama, consegui.

Na terça, acordamos cedinho para podermos sair cedinho e conseguir conhecer tudo que não tínhamos conhecido no dia anterior... mais o Vaticano. Primeira parada: Basílica de Santa Maria Maggiore, de novo, pra terminarmos de comprar as lembrancinhas. Não me importei de ter que vê-la novamente... ela é linda! E por uma grande ironia do destino, a terça tinha amanhecido ensolarada. No dia em que iríamos visitar apenas os locais cobertos e fechados, faz sol. Engraçado...


Pelas ruas de Roma

De lá, fomos em direção ao Pantheon, que já ficava no caminho do Vaticano. Dessa vez minha imaginação errou feio. O Pantheon é um templo que foi erguido em homenagem a todos os deuses, de forma que conseguisse abarcar todos os povos que estavam sob a dominação do Império Romano. Sabe o que eu imaginava? Inúmeras estátuas de deuses, inúmeras homenagens. Só que no século VII ela foi entregue a Igreja Católica e hoje funciona como um templo religioso. Além do mais, a frente do edifício estava em reforma. Não gostei.



(obs: O Pantheon foi, durante séculos, reconhecido por ter a maior cúpula da Europa Ocidental. Além disso, seu formato arredondado é mais uma evidência de que foi erguido em homenagem a todos os deuses)

Dali, o caminho para o Vaticano deixou de ser o caminho para o Vaticano. Roma é assim: a cada passo que você dá, tem algo pra se ver. Encontramos a Piazza Navona, uma praça que hoje em dia é conhecida principalmente pela Fonte dos Quatro Rios, que ali se encontra. A fonte representa os quatro principais continentes do mundo cortados pelos seus principais rios. Nota: o rio Nilo é representado com uma venda nos olhos, porque à época ainda não se sabia onde era sua nascente. O mais interessante nessa praça, no entanto, não é a fonte: é que lá existem inúmeros artistas, pintando ao ar livre e vendendo suas obras ali mesmo. Caricaturas, paisagens, obras impressionistas, tudo, tudo.



(obs: É também na Praça Navona que se encontra a Embaixada Brasileira hahah)

Era 11 e um pouquinho ainda, mas decidimos almoçar logo e só entao irmos para o Vaticano. Um restaurante ali por perto da Praça Navona tinha chamado nossa atenção. Lasanha mais refrigerante: 11,5€.

domingo, 14 de novembro de 2010

"Aqui está-se sossegado
Longe do mundo e da vida.."

(Fernando Pessoa, poeta português)

sábado, 13 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 3ª parte)

Era tanta coisa pra se ver - e ao mesmo tempo nada, só ruínas -  que ficamos perdidas. Fomos em frente, encontramos uma fila enorme. A chuva, cada vez mais forte. Eu tinha deixado meu guarda-chuva no hostel, tava dividindo com Ingrid o dela. Perguntei ao rapaz quanto era, 2,50€. Caro. No China, aqui em Braga, é mais barato. Quero não, obrigada.

Tá ficando tarde e a gente ainda tem muita coisa pra ver, melhor fazer assim: uma fica na fila, enquanto as outras duas vão tentar descobrir pra que é essa fila. Tá certo, eu fico na fila, sou a mais desorientada mesmo, melhor eu ficar quietinha, na minha. E tou com fome, aproveito pra pegar um dos sanduíches que a gente tinha levado, comi.

As meninas voltaram, sem muitas novidades. Aquela fila era pra entrar nos Fóruns Romanos, tem um homem ali, um guia, que tá oferecendo um pacote por 25 euros. O coliseu, os Fóruns Romanos, o Capitólio... ele de guia, em inglês. Será que vale à pena? Deve valer, dizem que é tudo tão caro. Pergunta ao homem que tá aí atrás, ele é americano, olha a bandeira no boné dele.. dos Estados Unidos. Tenta. "Hi, do you know how much is it?" Nada feito. Ele não sabe. Mas ele é simpático. Oferece biscoito a ele.

Chegamos ao caixa, 12 euros. 12 euros pra entrar no Coliseu, nos Fóruns Romanos e no Palatino. Ótimo. Imagine se a gente tivesse caído na conversa do guia? Ainda bem que não.

A chuva tinha piorado. Piorado bastante. Muito, muito mesmo. Assim... dá pra dizer que o céu tava desabando. Besteira, bora. Só que não tem condições da gente ficar dividindo o guarda-chuva mais, pera. Deixa eu comprar um pra mim. Eu sei que em Braga guarda-chuva não dura muito mesmo, jaja acontece alguma coisa com o que eu tenho lá, aí eu deixo um de reserva, por enquanto. Moço, quanto tá? 5 euros? Mas lá fora tava 2,50! Não, 4 não, muito caro ainda. 3? Tá bom, 3,5. Droga.

Caminhamos, caminhamos, caminhamos. Só ruína. Não tou dizendo que era ruína, do jeito ruim. Vocês já assistiram "Comer, rezar e amar"? Eu assisti ontem, aqui. Ela, Liz (Julia Roberts), resolve fazer uma viagem, de um ano, pra se encontrar, encontrar Deus. Primeira parada, Itália. Lembro de uma parte em que, ao visitar algumas ruínas, ela se dá conta de como as ruínas são, na verdade, cheias de significados. Que são as ruínas que fazem o novo surgir, que depois dos maiores atuais pontos turísticos  de Roma terem se transformado em ruínas, no centro da cidade, foi que toda uma nova vida foi surgindo ao seu redor. E até mesmo as próprias ruínas vão se modificando, se transformando em algo novo.



Tá bom, voltando a viagem. Ruínas, ruínas, ruínas. Ruínas lindas, até. Se é lindo agora, imagina quando tudo era bem ajeitadinho... Ai, devia ser um sonho. O Fórum Romano ficava entre o Palatino e o Capitólio e era uma espécie de ágora grega. Lembra da ágora grega? Onde os cidadãos se encontravam, onde se realizavam as feiras, blablabla. Também no Fórum Romano se realizavam cerimônias religiosas. Imagina um casamento, ali. Antigamente, tou dizendo. Não nas ruínas, claro. Se bem que se fosse num dia de sol...





Já era três horas da tarde, quase quatro. Tá bom, é melhor a gente ir embora. Tem muita coisa ainda pra conhecer. Bora pra onde? Pro Coliseu. Bora. Como a entrada que nós havíamos comprado dava direito a entrar nos três (Coliseu, Palatino e Coliseu), não precisamos enfrentar outra fila. Chegamos, entramos.

O Coliseu é, como eu disse, fruto da minha imaginação. Aliás... vocês entenderam. É lindo. E eu não tou sendo redundante, dizendo sempre que tudo é lindo em Roma. Tou sendo realista. É lindo. Lá, encontramos uma brasileira. Ela tava tirando foto dela mesma, eu sei como isso é horrível. Meu braço é pequeno demais, sempre que eu tento fazer isso, na foto fica parecendo que eu tava tentando mostrar os detalhes dos meus cílios, uma tristeza. Perguntei se ela queria que eu tirasse uma foto... em inglês, claro. Na dúvida, você usa inglês que sempre dá certo. Ela respondeu em inglês, eu tirei a foto, tudo certo. Daí eu, Ingrid e Aline começamos a conversar... e ela de repente se aproximou novamente e perguntou se nós éramos brasileiras. Ela também é, tava estudando em Veneza, ai que bom, como é bom quando a gente encontra algum brasileiro! É, eu tenho que concordar, é ótimo.



Saímos do Coliseu, encontramos uns meninos... divertidos. Eles nos abordaram, "Where are you from?" "Brazil!" "Ohh, Brazil! Rio de Janeiro!" "Sao Paulo!" "Amazonas, Mácapa!!" (isso, com a sílaba tônica no Má!) "Ohhhh, Brazil!!" Blablabla. Eles praticamente descreveram o mapa do Brasil pra gente, depois saíram. Não deu pra aguentar. "Máácapaaa" De vez em quando a gente encontra cada criatura engraçada...


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Andiemos!" (Roma - 2ª parte)

O trem era estranho, bem estranho. Todo escuro, apertado, cheio de gente igualmente estranha. Sabe as fotos do orkut, eu sentadinha numa poltrona fofinha, tudo bem iluminado? Aquele foi o comboio que nós pegamos na volta, Roma-Bolonha. Imaginem o inverso daquilo, 3 lugares de frente pro outro, dentro de um espaço fechado por uma portinha. E quando eu tava quase dormindo, a polícia abriu a porta, com uma daquelas lanterninhas desagradáveis, luz na minha cara. Viu se tava tudo bem. Eu, criminosa. Mas nao tenho do que reclamar. Mal fechei o olho, peguei no sono. E só acordei quando tava chegando lá, bem pertinho.

Chegamos em Roma era de manhazinha, seis horas.  O hostel no qual nós ficamos, o Alessandro Downtown, fica super pertinho da estaçao de metro (tivemos de pegar um metro até a estação Termini)! Eu indico o hostel, por sinal. Foi 15 euros a diária, o quarto era limpinho, tinha café da manhã e de segunda a sexta, quando não feriado, eles oferecem um festival de massas, às 19 da noite.

Tomamos café, tomamos banho, e fomos pro primeiro dia em Roma. Primeiro ponto: Basílica de Santa Maria Maggiore. Essa basílica, assim como qualquer pedaço de papel, de pedra ou de tijolo para o qual nós olhemos em roma, remete a histórias dos tempos mais longínquos possíveis e a mil e um segredos! Segundo uma lenda, ela foi construída no século V, depois da Virgem ter aparecido ao Papa Libério lhe instruindo a construir uma igreja no monte Esquilino. Também segundo a lenda, a planta da igreja foi desenhada por uma nevada milagrosa.



A igreja é linda, sinceramente. Mas eu fiquei emburrada, de cara. Acho que foi o sono. Mas é que olha: tem muito, muito ouro lá. Muito, de uma forma inacreditável. Ouro lá, parado. Formando desenhos magníficos, uma arquitetura belíssima, é verdade. Todo dia vao centenas de pessoas la visitar, todo mundo quer ver o que é belo. Mas mais belo seria reverter todo esse dinheiro em obras sociais. Mais belo seria se não tivesse à porta da igreja uma senhora pedindo esmola. Com tanto ouro lá dentro.



Mas passou. Era sono. De lá, fomos na direção dos pontos turísticos. Rafinha briga com o guarda-chuva, uma a zero pra ele. Avistamos o Coliseu. Lindo. E quem não lembra das aulas de história, quem não lembra da história do Coliseu? Essa, por sinal, foi a viagem em que eu mais lembrei dos meus professores de história. Vanuza, primeiro ano. E as histórias dos leões, das feras, das batalhas navais. Pão e Circo. Eu sempre imaginei o Coliseu, imaginei as pessoas gritando, coisa de filme. Lá, a imaginação da gente flui, explode, grita. Mas não foi nessa hora que eu entrei lá. Isso foi pra mais tarde.



Vimos o Coliseu, tinhamos chegado no lugar certo. Em frente, havia alguns homens fantasiados de romanos, nos aproximamos. Querem tirar foto? Claro que queremos! Gente, isso é roubada. Cinco euros. Óbvio que não pagamos. Apagamos as fotos, fomos embora.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Andiemo!" (Bolonha e Roma - 1ª parte)

O clima aqui em Braga tem se aproximado do inaceitável. É que assim... eu jurava que nao tinha como piorar. Que não tinha mesmo. Que não tinha como fazer mais frio do que já tava fazendo. Tou me referindo a 15 graus. Coisa de paraibano, que ta acostumado com o sol torrando o juízo. Eu jurava. Aí veio Sao Pedro e mandou uma chuvinha, pra provar que eu tava errada. Hoje coloquei dois gadgets na área de trabalho: um com a temperatura de Joao Pessoa, o outro com a temperatura de Braga. O primeiro, marcando 31 graus; o segundo, 11.

Semana passada, no domingo, 31 de outubro, já tinham começado as chuvas aqui em Braga. No sábado chuveu o dia inteiro, sem parar. Era hora de fugir da chuva.

[Braga é conhecida como o "pinico do céu", a cidade em que mais chove em Portugal]

Pasmem, eu também estudo. Por isso que demorei a falar sobre a viagem de Roma. Semana de provas, ó. E um trilhao de trabalhos. No sábado à noite, tava fazendo um trabalho no laboratorio de informatica e tive que ir na lavanderia, que fica no outro bloco. No caminho, começou a trovoar. E a relampejar. Só pra preservar minha dignidade, não vou dar detalhes da minha reação. Mas foi a certeza: era hora MESMO de fugir da chuva de Braga.

Saímos de casa de manhãzinha, tínhamos que pegar o comboio pra Porto (2,20€) e lá pegar o trem que nos levaria a Bolonha. Infelizmente, nao há nenhum vôo (ainda) Porto-Roma (mas a partir de janeiro a Ryanair vai oferecer). Decidimos entao que iríamos para Bolonha e de lá pegaríamos o trem para Roma, de madrugada... pra não gastar com hostel. A passagem ida e volta Porto-Bolonha ficou por 50€.


Só de tardezinha que chegamos em Bolonha. De lá, pegamos o "aerobus", um ônibus que vai do aeroporto à estação de comboio, no centro da cidade. Chegamos na estação, nos situamos: quando desse 11 hrs, deveríamos voltar pra comprarmos nossas passagens e embarcarmos, rumo à Roma.

Eu diria que Bolonha é uma cidade agradável, bonita, etc e tal. Isso caso eu não tivesse ido, em seguida, pra Roma. Qualquer um daqueles ditados se encaixam. Todos os caminhos levam a Roma. Quem tem boca vai à Roma.  E eu queria passar uma eternidade lá, conhecendo. Mentira. Queria ir, voltar, estudar, conhecer mais da história, voltar novamente, estudar mais, conhecer: Roma passa a impressão de que sempre tem algo a mais pra se conhecer, que nenhum tempo é suficiente pra desvendar todos os seus mistérios, pra conhecer cada um de seus segredos, pra deixar a imaginação fluir e sonhar com tudo que já aconteceu ali, naquelas ruínas, naqueles fóruns. Roma é mesmo a cidade Eterna. E me conquistou, de cara.

Mas voltemos a Bolonha.

Saímos da estação e a primeira coisa com a qual nos deparamos foi com uma feira de livros. Aliás, no próprio aeroporto havia uma livraria, com livros em liquidação. 6, 7 euros. E uma coisa que acho que ainda não comentei é que na maioria das livrarias por aqui, tem pelo menos um livro de Paulo Coelho. As Valkirias, Veronika decide morrer, O alquimista. Mas também, infelizmente, na maioria das livrarias também é o único autor brasileiro que aparece.


Começamos a visitar os pontos turísticos que, em Bolonha, todos se circunscrevem a um mesmo local. Não tínhamos nos programado pra isso, porque na verdade achávamos que mal iríamos chegar em Bolonha e pegaríamos o trem direto pra Roma. Mudamos de planos pouquíssimo tempo antes, quando percebemos que o comboio que saia de madrugada era muito mais barato que os que saiam durante o dia (uma diferença de mais de 30 euros! o que nós acabamos pegando saiu por 23€). Dessa vez, conhecemos a cidade aleatoriamente. Um mapa, um guia turístico, e nós três. Três porque dessa vez tivemos mais uma companheira! Aline, do Piauí, que assim como Ingrid, veio pra UMinho cursar um período de Direito.


Na praça, havia uma exposição intitulada "Salve os animais da Ásia" e inúmeras homenagens feitas aos "heróis de guerra". Sejam os heróis da Grande Guerra, sejam os resistentes a ditadura. Inclusive, na semana passada percebi que aqui em braga também há uma estátua, lá no centro, em homenagem aos heróis da Grande Guerra.


 
Foi a noite das presepadas. Em qualquer estátua, tirávamos fotos; imitávamos os modelos das vitrines, mostrávamos toda nossa elegância com nossas botas (quase) iguais. Pegamos o caminho errado, chegamos no meio do nada, demos meia volta e consertamos o erro. Era noite de Halloween, então o que mais  tinha no meio da rua era gente fantaseada, seja de vampiro, de fantasma ou seja lá o que for. O fato é que as fantasias deles eram super incrementadas, super divertidas!





 
Nos divertimos bastante, rimos, comemos... e voltamos pra estação, pra esperar o comboio que nos levaria a Roma. Fugimos da chuva, mas não do frio. Nos sentamos no chão da estação, pra que desse a hora, e quase congelamos. Ninguém pode dormir, se não a gente perde o comboio. Hora de fazer palavra cruzada. Hora de comer. Hora de tirar foto de Rafinha, quase dormindo. Hora de não conseguir ser discreta. Hora de ir embora. Roma nos espera.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Santiago (segunda parte)


A origem de Santiago remonta a blablabla, pois é. Aos romanos. [E o Caminho de Santiago passa pela região de Castilla e León, o mais antigo registro de presença humana da  Europa, datada de mais de 1 milhão de anos] Mas o mais interessante de Santiago não é isso. É a origem do nome. É San-Tiago (São Tiago) porque há quem diga que foram encontrados restos do apóstolo Tiago lá. E o Compostela vem de Campus Stellae, "campo de estrelas". E as peregrinações... lá vem a parte quase-chata. As peregrinações começaram a acontecer porque o rei Afonso II das Astúrias, vendo seu poder em decadência, precisava de algo pra se restabelecer. Com a notícia de terem sido achados os restos do apóstolo, o rei Afonso II anunciou Santiago como um novo local de peregrinação cristã, tendo em vista que àquela época Jerusalém tava nas mãos dos muçulmanos. Espertinho.




(Esse já é considerado o maior ano santo da história moderna das peregrinações a Santiago. Ano santo é considerado quando o dia de Santiago, dia 25 de julho, cai num domingo. Dizem que as 'recompensas' espirituais são maiores nesses anos. O próximo ano santo agora sóó daqui a 11 anos! Nesse ano, tem dias em que mais de mil peregrinos chegam a pé a cidade, ó)

Depois, fomos passear por Santiago. Conhecemos o Museu das Peregrinações, super interessante. Não se baseia só nos peregrinos de Santiago (ainda que descreva em pormenores não só como se deu a construção da Catedral de Santiago, como também inúmeras histórias de peregrinos que já foram lá), mas de inúmeros outros locais de peregrinação, aqui na Europa, na Ásia, na África, no Brasil, nos cinco continentes.  Não só as peregrinações católicas, mas de todas as religiões. Valeu à pena.

(Foi lançado um documentário intitulado "Um Caminho de Santiago", co-produzido pela Asociación Cultural Jacobea Paso a Paso, associação essa que foi apadrinhada por Paulo Coelho. O documentário acabou de ser premiada como uma das maiores obras já feitas sobre Santiago)

De lá, fomos nos encontrar com o pessoal para um jantar dos Erasmus. Do jantar, fomos a um barzinho, desse barzinho fomos pra outro [!]

[Santiago é uma coisa inacreditável. Em termos de frio, eu digo. Não existe. É incomparável. Parece que se compara com Braga, daqui a um, dois meses. Mas eu não quero saber disso agora. É incomparável, ponto final. De madrugada, pra dormir, eu tinha esquecido de levar o pijama (é claro que eu tinha de ter esquecido alguma coisa...) daí coloquei a meia calça, um casaco e pronto. Tava cansada, tão cansada que foi só deitar, puf, rapidinho peguei no sono. Isso era 5 da manhã. Quando deu umas 8 hrs, uma das meninas se acordou, procurando o celular, e eu me acordei também. Pra voltar a dormir, eu pensei que ia pegar o caminho direto pro inferno. Mentirinha. Pra um inferno com a temperatura inversa. Eu tremia, tremia, tremia. Sabia que não tava mais sentindo minhas pernas - mas não sabia se era pelo cansaço ou pelo frio. Resolvi resolver isso depois. Consegui dormir novamente]

No outro dia, assim que acordamos, já era hora de voltar. De volta pra Braga.  Dessa vez, paramos em Vigo, uma cidadezinha portuária - é o principal porto pesqueiro da Espanha. Pra surpresa de todos, a origem de Vigo não remonta aos romanos. Há achados da Idade da Pedra. Rá! Almoçamos no shopping, demos uma passeada pela cidade. Não deu para conhecer muita coisa, a cidade tava deserta, parada, vazia.
Hora de voltar pra Braga. Hora de voltar, mesmo. E esperar pela próxima viagem (Roma, 31/10).


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

parênteses.

(as vezes não tem jeito: a única solução é abrir o berreiro no meio da rua, no meio do nada.
e rezar baixinho pedindo pra ninguém parar e perguntar o que foi... só pra não ter que soltar um simples e singelo "eu quero minha mãeeeeee!!!")

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Santiago (primeira parte)


A mochila pronta, uma e meia da madrugada. O despertador programado pra tocar às 5, eu querendo saber se faltava alguma coisa, se de novo tava esquecendo algo. Roupa, escova de dente, casaco. Ok. Hora de dormir. Meia hora depois, o despertador toca. Hora de se levantar, comer alguma coisa, pé na estrada. E uma certeza: por mais que eu tente, não tem jeito, eu tenho que me atrasar. Faltava colocar a água na garrafa, faltava pegar o óculos de sol, ajeitar o cabelo. O telefone toca uma, duas vezes. Eu tenho que descer. Rápido. A gente vai se atrasar. Fui.

No caminho pra universidade (essa excursão foi organizada pela universidade pros Erasmus!) (e a universidade fica a meia hr da residência!) (e era seeeeeeis horas da manhã! mentira - 6:30) de repente e não muito mais do que muito de repente, todos os postes se apagaram. Breu total. Eu, claro, me agarrei em Ingrid e não tinha quem fizesse eu soltar.  Mas chegamos vivas na universidade. vivas e em cima da hora. Mal entramos no ônibus, não se passaram nem cinco minutos, foi dada a largada. Rumo a Santiago.

Primeira parada: Valença. Assim, com cedilha e sem o i. Diferente de Valência, na Espanha. Tem uma Valença até na Bahia, ó, no Brasil. Nome doce. A história de ValenÇA (eu não tou errando a digitação, Camilinha, que nem devo ter errado quando escrevi hoSTel) remonta, pelo menos, a origem romana. Há sinais rupestres de tempos muito mais longínquos - ao século VI a.C, quando ocupada pelas mais variadas descendências: indoeuropéias, mediterrâneas, africanas. Depois dos romanos, vieram as invasões árabes... e numa dessas invasões, um parênteses: uma delas, a que teve as piores consequências pra região do Minho (onde eu me encontro), ocorreu no ano de 997 pelo Amansor Emir Bem Abi Amir, no seu caminho pra Santiago de Compostela. Na verdade, o caminho pra Santiago teve uma importância enorme pra freguesia(=cidade). As peregrinações pra SAntiago vindas de Braga, Porto, Barcelos ou Ponte de Lima tinham como passagem obrigatória o cais de Valença. Daí seu povoamento mais intenso, a altura da Idade Média. Depois vieram também os ataques espanhóis e um rei, o Sancho I, foi quem construiu os primeiros muros na cidade, pra sua defesa desses possíveis ataques. Foram essas as muralhas que visitamos. A vista lá de cima é linda, dá mesmo a impressão de estarmos longe de tudo, longe do mundo. Há mil séculos. 
 
De lá, seguimos pra Pontevedra. A origem dessa cidade cabe, novamente, aos romanos. Mas há uma lenda que afirma ter sido Teucro, um dos heróis da Guerra de Tróia (mãe, lembrei de vc!), o responsável pela sua fundação. Apesar de considerado herói, quando voltou a sua casa seu pai lhe deserdou por não ter vingado a morte de seu irmão. Viajando, em busca de um novo lar, acabou por achar as terras de Pontevedra, onde se estabeleceu e colocou-lhe o nome de Helenes, em homenagem a sua esposa, Helena. Não sei se é verdade, mas vai.. essa história é bem mais bonitinha que a dos romanos, com guerras, blablabla. Melhor acreditar nela.
Lá, conhecemos o básico: praças, igrejas, o comércio. Almoçamos (Burger King), nos enfiamos pelas ruazinhas estreitas, fizemos novos amiguinhos (olha a foto! hahahah), hora de voltar.
 
 
 
Rumo à SantIago. Até agora, ainda tou tentando descobrir, de fato, quanto tempo é daqui pra lá. Como fomos parando ao longo do caminho, a viagem não ficou cansativa. Somos peregrinos traiçoeiros. Além disso, tinha os brasileiros, no fundo do ônibus, alegrando a viagem. Não tem ninguém que se compare aos brasileiros mesmo, isso é um fato. Quando eles deram uma paradinha no auê, que o ônibus ficou mais silencioso... logo, logo o guia perguntou o que tinha acontecido. "Cadê os brasileiros, gente?!" Se bem que eu realmente acredito que depois ele se arrependeu amargamente de ter perguntado isso. Até na volta, com todo mundo super hiper mega cansado, eles não conseguiam se calar. Todas aquelas musiquinhas maravilhosas foram cantadas. Mamonas Assassinas, É o Tchan, blablabla, blablabla.

Chegamos. Passamos direto pro hostel. Quinze minutinhos pra todo mundo ficar pronto e se encontrar na entrada, pra podermos ir à Catedral. Se vira nos 30. Nos viramos. Chegamos a Catedral. Linda. Linda de morrer. Muito linda. Enorme. Assistimos a uma missa. Sempre que eu entro numa igreja, tenho uma tendenciazinha de leve a me emocionar. E foi o bispo que celebrou a missa. E a missa foi linda. Linda. Eu nunca fui fã de missas. Mas essa foi linda. Mesmo em espanhol. Foi linda. A metade que eu escutei. Porque na outra metade eu tava conversando com papai do céu. Agradecer faz parte.
 
(continua...)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Tan-tan-ram-tan-taaaaaam Welcome!!"

Chegamos ao aeroporto. Sem maiores problemas dessa vez. Na verdade, na verdade... o problema foi dormir. Chegamos lá por volta das 23 hrs, nosso vôo só sairia às seis da manhã. Colocamos o despertador para tocar às 5, cada uma foi pra sua cadeirinha, vamos dormir! Meia noite... e nada. Meia noite e meia, vi mais coleguinhas chegando. Uma da manhã, o aeroporto já tinha se transformado num verdadeiro hostel. Cada um que arrumasse sua caminha - tinha até quem colocasse lençol no chão e um travesseirinho pra acomodar a cabeça! - e fosse dormir, à espera do vôo. 2 horas, nada. Fui passear. Conheci metade do aeroporto e voltei pra onde nós estávamos. O medo de se perder era grande (esse era o aeroporto complexo, lembra?). Planejei minha vida durante os próximos meses. Pensei nos locais que ainda queria conhecer. Planejei minha vida pra quando eu voltasse a João Pessoa. Em resumo, até 2012 minha vida tá super planejada. E em detalhes.

Cinco da manhã, nos levantamos, fomos pegar o vôo. De Porto pra Madrid não tinham pesado nossa bagagem (a Ryanair estabelece um limite de 10 kg e dimensão 55 cm x 40 cm x 20 cm) mas nesse resolveram pesar. Resultado: no meio do aeroporto, comecei a tirar os casacos de dentro da mochila até que ela ficasse da dimensão correta. Na verdade, só tirei dois casacos e um cachecol e os vesti. Já soube de gente que saiu com a toalha enrolada no pescoço, pra poder diminuir a bagagem, então tá... Nem foi tão constrangedor assim.

Pegamos o vôo, e AÍ SIM eu consegui dormir! Só que o vôo não dura nem uma hora. De repente... "Tan-tan-ram-tan-taaaaaam Welcome!!" Pra quem nunca pegou um avião da Ryanair, essa é a musiquinha que toca quando se chega ao destino. Super engraçada, diga-se de passagem. Estávamos em Valência. 

Fomos direto para o hostel (o Indigo Youth Hostel - eu também recomendo! pagamos 15 euros por noite e não tivemos reclamação alguma) e resolvemos nos deitar um pouco, para depois irmos conhecer a cidade. Uma hora depois, nos arrumamos, ficamos lindas, maravilhosas e suuuuper dispostas (cof, cof, cof) e fomos desbravar Valência. 

Na rua do nosso Hostel, havia a Torre de Quartz. Elas faziam parte de uma muralha construída para defender a cidade, láá pela época de 1400 e tanto. No muro dessas torres há uma homenagem aos heróis que defenderam a cidade das invasões sofridas na época da independência. Ficamos procurando as outras torres, cadê a muralha, a muralha mesmo? Mas não encontramos.

Assim como em Madrid, conhecemos também algumas praças, igrejas, um museu (o Museo de Bellas Artes, que é instalado no local onde outrora foi o colégio Santo Pio V,  e hoje em dia abriga inúmeras obras fazendo alusão à religiosidade... lindas!) e ainda tivemos a sorte de assistir a um desfile que estava acontecendo no centro da cidade, em comemoração ao dia da Comunidade Valenciana (veja mais aqui).

A praça que mais me chamou a atenção foi a Plaza de la Virgen, com sua imensa catedral ao redor. Não pudemos entrar, porque estava a ter (ráá, peguei o sotaque português! - brincadeirinha: estava tendo...) uma missa na hora. Mas por fora era é linda e, assim como todas as igrejas que temos visitado, só em estar ali por perto já dá pra sentir uma paz imensa!

Voltamos cedo para casa, as duas tavam quase mortas de cansadas. Hibernei, das 7 da noite às 8 da manhã do outro dia. Acordei no meio da madrugada, lembrando que comer era preciso. Peguei qualquer coisa numa daquelas maquininhas eletrônicas no hall do hostel, respondi o email de mamãe e voltei a dormir. Quando acordei novamente, já era hora de se arrumar e ir para o congresso. O VI Congresso Mundial Espírita. Eu fui!

No Congresso, havia inúmeros brasileiros. Apesar de estarmos na Espanha, o que mais se escutava era o bom e velho português. E melhor ainda do que escutar as pessoas falando em português: era o português do Brasil! Isso é música para os nossos ouvidos. O congresso foi aberto com chave de ouro com uma palestra de ninguém menos que Divaldo Franco. "Somos espíritos imortais". Somos sim, Divaldo. E na próxima encarnação eu quero vim à mesma época que você, que é pra você poder me ensinar tanto, novamente...

Foi lindo, ótimo, emocionante e super instrutivo. A maioria dos os palestrantes lembravam-se de citar Chico Xavier, alguns deles nos deram provas arrebatadoras da reencarnação, uns outros se fixaram em suas próprias experiências, arrancando-nos lágrimas. No segundo dia, fui entrevistada pela Rádio Rio de Janeiro AM e perguntaram-me o quê, até ali, tinha sido melhor. Não dá para dizer. Foi o conjunto. Foi o estar ali, escutando a palestra de Divaldo; foi o estar ali, ouvindo a música tocar, o piano e o violoncelo, na abertura; foi a sensação de ver tanta gente comprando tanto livro, tanta gente querendo aprender, querendo mudar. Mudar pra melhor. Ser melhor.

Devido à minha participação no Congresso, não tive tempo de conhecer melhor a cidade. Não fui à Cidade das Artes e das Ciências. Não entrei na Catedral, não conheci os Jardins. Mas valeu a pena. Digo e repito: foi maravilhoso.

Na segunda à noite, nos encontramos no Bairro Del Carmen, um bairro que tem próximo ao nosso Hostel e onde acontece a noite de Valência. Apesar de ser segunda-feira, como a terça era feriado, as ruas estavam cheias de gente. Comemos alguma coisa, demos uma voltinha, fomos no hostel pegar as bagagens, voltamos ao aeroporto.

O avião só sairia de lá às seis da manhã, portanto tentamos dormir novamente. E, dessa vez, logramos mais sucesso. Acho que tudo é questão de costume... Se brincar, daqui pra março, vai ser só ver um aeroporto e eu já vou começar a dormir (que nem aí, mãe... quando eu vejo uma cama!). Acordamos, pegamos o avião até Madrid. Passamos a terça-feira inteeeeira no aeroporto. Das 9 da manhã às 6 da noite. Tá bem, da próxima vez acho que não vou ter mais problemas com a complexidade daquele aeroporto.

Chegamos em Braga, finalmente, às 10 horas da noite da terça-feira. Foi esse o fim da nossa primeira aventura (viagem).

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Madrid e Valência

[Mainha e painho, se vocês realmente me amam, vão dar uma prova desse amor agora e não vão ler o próximo parágrafo, começando a ler só a partir do segundo!]

Pela primeira vez na vida, passei duas madrugadas seguidas praticamente sem pregar o olho e passei umas 24 hrs sem comer que preste... mas isso tudo valeu à pena. A noite em Madrid da quinta pra sexta-feira foi ótima, o Congresso Mundial Espírita foi maravilhoso. Foi assim, oh:

Na quinta-feira pela manhã, saímos pra resolver as últimas pendências pra viagem. Na volta, pagamos todo os meses do alojamento (ai, meu coração!) e fomos almoçar. Já era quase uma hora da tarde, estávamos atrasadíssimas! O vôo saia às 3:45 de Porto, tínhamos ainda que pegar um táxi até a estação de comboio, depois pegar o comboio até a estação de metro, pegar o metro até o aeroporto e, enfim, fazer o check-in!! Mas graças a Deus, deu tudo certo. O aeroporto de Porto tem umas escadas que definitivamente não são abençoadas e a gente, tão apressada que estávamos, subimos todas elas, sem perceber que tinha um elevador logo ali ao lado. Foi aí que eu comecei a fazer todo o exercício que eu não havia feito ano passado - porque os desse ano que eu não tinha feito eu já fiz todos nas caminhadas da universidade pra residência!

Chegamos em Madrid! Aí que vem a primeira pérola da viagem: passamos aproximadamente 40 minutos para podermos nos situar no aeroporto. Ninguém nos avisou isso, mas a regra básica pra quando se deseja viajar pra Madrid é essa: arrumar um mapa do aeroporto. É enorme! E super complicado. Além do mais eu, super orientada, não me dei conta que estávamos na Espanha. Na hora, no ato, e sem burocracia alguma, perguntei a primeira pessoa que passou, em português, onde era a saída. Depois que ela não me entendeu e que começou a falar em espanhol, a ficha caiu. Nham. Depois de irmos de um lado pro outro aproximadamente três vezes (foi uma verdadeira palhaçada), encontramos a estação de metro. Pegamos o metro e fomos em direção ao nosso Hostel. Logo que chegamos, a primeira coisa que vimos foi um Burger King, ali, na nossa frente, e ainda mais com uma promoção de um sanduíche + um refrigerante por dois euros! Com a fome que já estávamos, isso foi como encontrar água no deserto. [Mãe, pula de novo]
Inclusive essa foi a nossa refeição mais frequente enquanto estávamos lá. Acho que preciso passar uns 3 anos sem entrar no Burger King
[Pronto, mãe]
O Hostel foi fácil de achar. E ele era ótimo! Limpinho, agradável, pessoas super legais. Eu realmente indico - coloca no google, oh: Pousada de Las Huertas

Prontas pra noite em Madrid!

Logo que chegamos, descobrimos que o hostel tem uma espécie de programação para cada noite. Nas noites das quintas, há sangria (uma bebida típica da Espanha - horrível, diga-se de passagem) de graça para todos até certo horário e, depois disso, há o que eles chamam de "Pub Crawl". Paga-se dez euros e eles nos levam à 3 barzinhos, onde temos direito a algumas bebidas, e, por fim, a uma discoteca. Foi ótimo! Conhecemos alemães, ingleses, israelenses, canadenses. No início meu inglês ficou fazendo charminho pra sair, eu querendo lembrar das palavras.. mas a medida que a conversa foi se prolongando, a comunicação se estabeleceu! Conhecemos pessoas ótimas, conhecemos pessoas engraçadas (are you from brazill? bra-ziiiiiiiil?? ooooh) - a noite foi maravilhosa. 

Voltamos pra casa às 4 e tanta da manhã. Tínhamos somente a sexta pra conhecer MAdrid, já que no sábado iríamos pra Valência. O jeito era acordar cedo, não tinha o que se discutir. Acordamos, saímos em busca de comida, alimentadas, seguimos em frente. Mas não sei se pelo nosso sono, se pela minha mania de sempre esquecer algo e de ter esquecido o casaco e assim nós termos que ir em busca de comprar um logo pela manhã (quando chegamos, tava fazendo calor em Madrid, mas no sábado amanheceu bem friozinho já e nos disseram que no domingo e na segunda também, só fazia esfriar), o fato é que só conseguimos nos orientar depois do almoço. A manhã foi praticamente perdida. Quando chegamos na Gran Via (mais um Burger King...), vimos mais e mais prédios com arquiteturas belíssimas. É o que chama a atenção em Madrid. Há inúmeros prédios super antigos, lindos de morrer. Um deles era uma associação de jornalistas. Era lindo, imenso. Fiquei super orgulhosa quando vi! Por dois minutos. Logo que nos aproximamos, notei que hoje em dia funciona de um tudo no prédio: cinema, exposições, lojas. Seguimos em frente.

A Gran Via
Em Madrid, o ruim é que tínhamos pouquíssimo tempo para conhecermos tudo. Mesmo assim, visitamos várias praças, um museu, inúmeras igrejas, o palácio. Entre as praças, a que mais me chamou a atenção foi a Plaza Mayor, no centro da cidade. Não pela história dela, mas por algo super interessante que vimos ali: ao redor da praça havia inúmeros artistas, pintando ao ar livre. E a grande maioria pintava muito bem! Havia também aqueles que ficam pintados de estátua, se fazendo de estátua. Um que tava fantasiado de executivo gigante, sem cabeça, fazendo macaquice. Dava pra passar horas ali.

Na Plaza Mayor

Mas tivemos que ir logo. O tempo era pouquíssimo e havia muita coisa pra ver ainda. Antes disso, já tínhamos visto algumas igrejas, a Praça de Cibelles (lembrei de você, Cy!), o museo de Reina Sofia, onde tá exposto Guernica, de Picasso, e outras várias obras suas e de Salvador Dali. Preferi as de Salvador Dali. 

Dispensa legendas hahahah
Fomos ao Palácio, mas não conseguimos entrar. Tava tendo uma celebração da Música Militar, com várias apresentações. Não sei se somos nós que estamos tendo sorte e pegando esses eventos, ou se é porque a vida cultural por aqui não pára nunca. Não vimos o rei. Fiquei arrasada. Seguimos em frente.

Vimos também uma catedral, linda! A Catedral de La Almudena. Por dentro e por fora, é linda. Na frente tem uma estátua de João Paulo II, e daí mesmo a gente já começa a se sentir em paz. Dentro havia alguns trechos de Mariana de Jesus, considerada santa pelos católicos. Ela se entregou a vida religiosa desde os seus 13 anos, deu inúmeras contribuições pra que a fé católica continuasse se difundindo àquela época (leiam mais aqui), e, na parede do mosteiro, havia esses belíssimos dizeres:

Madre Mariana de Jesus Torres

Catedral de La Almudena


Mesmo cansadas, papai do céu estava conosco e tava sendo uma maravilha conhecer tanta coisa. Demos uma paradinha numa praça, deitamos um pouquinho na grama, tiramos um cochilo [não, mãe, não é a hora de me matar ainda... tinha um monte de gente fazendo isso por lá também!] e continuamos o caminho de volta. Em uma das praças por que passamos, tava tendo uma apresentação de um grupo musical mexicano. Paramos pra comer alguma coisa, e fomos direto para o Hostel. Tínhamos que pegar nossas coisas, torcer pra que deixássem que nós tomássemos um banho (afinal a diária já tinha acabado desde as 11 hrs da manhã! - mas deixaram!), e ir novamente para o complexo aeroporto de Madrid, esperar o vôo para Valência que sairia às seis da manhã.

(continua...)

domingo, 10 de outubro de 2010

"Oraçao da Gratidao


Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.

Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.


Muito obrigado Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Eu detecto cegos guiando na escuridão
que tropeçam na multidão
que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração
porque eu seique depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!


Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do olmeiro
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir
Porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!


Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz
Pela voz que canta
Que ama, que ensina, que alfabetiza,
Que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!


Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!


Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!


Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um tecto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, eu te direi

Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti


Pelo teu amor, obrigado senhor!"
 
(Psicografia de Divaldo Pereira Franco)